Chanceler disse que há “muitos indícios” de que Damasco voltou a usar armas químicas. Casa Branca volta a afirmar que nenhuma decisão final sobre ataque foi tomada.
Deutsch Welle
A chanceler federal Angela Merkel disse nesta quinta-feira (12/04) que a Alemanha não vai tomar parte em uma eventual ação militar contra o regime sírio em resposta ao ataque químico contra uma área rebelde no último final de semana.
"Há muito indícios de que o regime sírio empregou armas químicas novamente", disse Merkel. |
Os EUA, a França e o Reino Unido apontaram que o governo de Bashar al-Assad pode ter cometido o ataque e ainda estudam uma possível retaliação militar contra as forças do ditador.
Diante da escalada de tensão na região, Merkel tratou de esclarecer a posição da Alemanha.
"A Alemanha não participará de uma possível – ainda não houve nenhuma decisão, quero enfatizar isso – ação militar”, disse, após reunião com o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, em Berlim.
"Mas, nós apoiamos tudo que está sendo feito para mostrar que o uso de armas químicas não é aceitável”, disse Merkel, acrescentando que, se for necessário, a Alemanha vai procurar ajudar os EUA, a França e o Reino Unido por meio de ajuda que não envolva militares.
No momento, a Alemanha participa na Síria e no Iraque junto com os EUA e outros países dos esforços militares para combater as forças terroristas do Estado Islâmico (EI). A operação foi iniciada em 2015 e desde então a Alemanha vem empregando aviões de reconhecimento e de reabastecimento na região.
Merkel também apontou "há muito indícios de que o regime sírio empregou armas químicas novamente, como já fez há cerca de um ano”.
A chanceler também criticou brevemente a Rússia – aliada do regime sírio –, que nesta semana vetou no Conselho de Segurança uma resolução dos EUA para a formação de uma equipe de inquérito para investigar o ataque químico. Para Merkel, esse tipo de ação "não conta a favor da Rússia”.
Também nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass, disse que nem os franceses nem os americanos procuraram os alemães para pedir assistência militar.
Merkel foi questionada por repórteres sobre o que pensava sobre a linguagem belicosa e por vezes contraditória do presidente dos EUA, Donald Trump, que em dado momento pareceu anunciar um ataque iminente contra a Síria e depois moderou o tom. Merkel, no entanto, evitou responder.
Ainda sem uma decisão
Na quarta-feira, Trump disse no Twitter em tom de provocação com os russos que mísseis seriam disparados na Síria. "A Rússia ameaçou derrubar todos os mísseis disparados na Síria. Prepare-se, Rússia, porque eles vão chegar, bonitos, novos e 'smart'. Vocês não deveriam ser parceiros desse animal que mata com gás seu próprio povo e tem prazer nisso", disse o presidente americano.
No mesmo dia, no entanto, assessores de Trump disseram que nenhuma decisão definitiva sobre um ataque contra o regime sírio havia sido tomada. Nesta quinta-feira, o próprio Trump afastou a possibilidade de um ataque iminente.
"Nunca disse quando um ataque à Síria ocorreria. Pode ser logo ou não tão logo assim", disse o presidente por meio do Twitter.
Na noite desta quinta-feira, a Casa Branca mais uma vez reforçou que nenhuma decisão final foi tomada.
"Ainda estamos solicitando relatórios de inteligência e estamos tendo conversas com nossos parceiros e aliados”, informou a porta-voz Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, em comunicado. "Não se chegou a uma decisão final".
Trump mencionou o assunto mais uma vez durante a noite e se limitou a dizer que uma decisão sobre a Síria será tomada "razoavelmente em breve”. Ele acrescentou que está olhando "muito, muito seriamente” para a situação.
Os aliados dos EUA também ainda parecem estar estudando suas opções e indicaram que nenhuma decisão final foi tomada. Os EUA, França e o Reino Unido têm efetuado consultas sobre o lançamento de um ataque militar, mas o momento e a escala de qualquer ação ainda não estão claros.
O gabinete de crise britânico deu hoje "luz verde” à primeira-ministra, Theresa May, para se juntar aos EUA e à França, mas disse que o Reino Unido ainda está na fase de planejamento de um possível resposta militar.
Já Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou hoje que dispõe de "provas" de que o regime de Bashar al-Assad utilizou armas químicas, mas disse que a França tomará decisões "em tempo oportuno".