Em discurso a duas semanas da eleição, com ameaças aos EUA e traços de Guerra Fria, presidente russo apresenta míssil atômico que seria capaz de burlar todos os sistemas de defesa existentes.
Deutsch Welle
O presidente russo, Vladimir Putin, revelou nesta quinta-feira (01/03) as novas estrelas do arsenal de seu país, incluindo mísseis balísticos que, segundo afirma, poderiam alcançar qualquer ponto da Terra e seriam impossíveis de serem interceptados por escudos dos Estados Unidos e da Otan.
Putin perante os legisladores: discurso foi adiado, para acontecer mais perto da eleição |
"Ninguém no mundo tem nada igual até agora. É algo fantástico!", disse Putin, em seu discurso anual sobre o estado da nação, enquanto um telão exibia infográficos com a trajetória de um míssil sobrevoando o território americano e imagens dos testes dos armamentos.
O discurso, um dos mais beligerantes de Putin no Kremlin, é realizado a pouco mais de duas semanas das eleições de 18 de março. E, em tom que fez lembrar a Guerra Fria, joga com temores antigos da população, de que a Rússia poderia ser invadida a qualquer momento.
“Nós vamos considerar qualquer uso de arma nuclear contra a Rússia ou seus aliados um ataque nuclear contra o nosso país”, afirmou Putin, com frequência ovacionado por uma plateia composta de parlamentares russos e outros notáveis. “A resposta seria imediata.”
Entre as novas armas apresentadas – algumas estariam prontas, outras em desenvolvimento – estão um novo míssil balístico intercontinental, uma pequena ogiva nuclear que pode ser acoplada a mísseis de cruzeiro, drones nucleares submarinos, uma arma supersônica e uma arma a laser.
“Eles não conseguiram conter a Rússia”, discursou Putin, referindo-se aos Estados Unidos e à União Europeia. “Agora eles precisam levar em conta uma nova realidade e entender que tudo que eu disse hoje não é um blefe.”
O ponto alto da apresentação foi um vídeo mostrando um míssil nuclear que poderia atingir qualquer ponto do planeta. Nas imagens, vê-se o projétil, que teria sido testado em 2007, deixando a Rússia, cruzando o Atlântico Sul, passando pelo cabo Horn, rumo à costa oeste dos EUA.
"O sistema antimísseis americano será inútil e não terá nenhum sentido", afirmou. "Não mostrei todas as armas que temos. Por hoje, é suficiente. Acredito que tudo o que foi dito na minha mensagem sirva para acalmar qualquer agressor potencial."
A fala de Putin também foi repleta de promessas de melhorar os padrões sociais dos russos. Ele prometeu, por exemplo, que nos próximos seis anos o país se tornará uma das cinco maiores economias do mundo, com crescimento de 150% do PIB.
O discurso perante os legisladores é realizado anualmente, mas desta vez foi feito dois meses mais tarde do que o habitual, o que foi interpretado pela oposição e observadores como uma manobra para transformá-lo em campanha eleitoral para as eleições.