A União de Atendimento Médico e Organizações de Socorro (UOSSM) informou nesta quinta-feira que aconteceram até seis ataques com gás cloro em Ghouta Oriental, onde mais de 600 pessoas morreram em menos de um mês e 1.123 precisam urgentemente de ajuda por razões médicas.
EFE
O presidente de UOSSM Internacional, Ghanem Tayara, afirmou em coletiva de imprensa que o "gás cloro está sendo definitivamente utilizado" em Ghouta Oriental, pois houve "entre cinco e seis" ataques com esta arma "nos últimos quatro ou cinco meses".
Ataque em Ghouta oriental em foto de 23 de fevereiro. EFE/Mohamed Badra |
O secretário-geral da UOSSM Internacional e presidente do braço suíço da ONG, Tawfik Chamaa, afirmou, por sua vez, que a resolução 2401 aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para uma trégua humanitária de pelo menos 30 dias na Síria e especialmente em Ghouta Oriental, "está sendo completamente ignorada". Segundo disse, após a adoção da resolução mais de 90 pessoas morreram em Ghouta Oriental, onde o Exército sírio realiza uma ofensiva militar desde 18 de fevereiro, mas que já está sitiada há quatro anos.
A Rússia promoveu uma pausa humanitária de cinco horas por em Ghouta Oriental, das 9h às 14h (horário local, 4h às 9h em Brasília), mas segundo a diretoria isso só "legitima a morte dos sírios depois das 14 horas".
Chamaa afirmou que o corredor humanitário criado para permitir a saída de civis não funciona porque "não é seguro", e as autoridades russas e sírias indicam que está sendo alvo de ataques de organizações terroristas. Para ele, as cinco horas de pausa são "cínicas", porque embora os sírios queiram sair "não têm lugar para ir ou onde buscar ajuda".
Segundo a ONG, 29 hospitais foram afetados nos bombardeios e estão fora de serviço desde a adoção da resolução da ONU.
"Em toda Ghouta ainda existem 20 instalações médicas parcialmente funcionando, mas faltam remédios e material cirúrgico, e não existe UTI por falta de eletricidade", indicou Chamaa.
Segundo ele, mesmo que a ajuda humanitária conseguisse entrar em Ghouta, não dá para ter certeza que todo o material fosse conseguir chegar aos sírios, pois a experiência da ONG é que o regime "filtra" todo o envio nos pontos de controle e provisões médicas essenciais para salvar vidas "desaparecem".