Homens das Forças Especiais do Exército participaram da operação com oito mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na madrugada de 11 de novembro do ano passado.
Por Rafale Soares | Jornal Extra
Entre os dias 17 e 19 de dezembro de 2017, a procuradora Maria de Lourdes Souza Correia Sanson, do Ministério Público Militar (MPM) e três auxiliares estiveram em Goiânia para ouvir os depoimentos dos militares no 1º Batalhão de Forças Especiais, sede dos “fantasmas”, como são conhecidos internamente os integrantes da única unidade do Exército especializados em ações antiterror.
A viagem foi descoberta pelo EXTRA após ser registrada no Relatório Mensal de Diárias e Passagens de dezembro do ano passado, documento disponível no Portal da Transparência do MPM. Na planilha, aparecem dados como o valor da passagem aérea da promotora — R$ 2.942,50 —, os valores das diárias utilizadas — R$ 2.458,89 —, e o motivo da viagem: “oitiva de militares” do PIC 295-37.2017.1105, procedimento aberto pelo MPM para investigar o caso do Salgueiro.
Procurada, a procuradora Maria de Lourdes Sanson alegou que só se manifestaria sobre a investigação por escrito. Por meio de nota, entretanto, o MPM não negou nem confirmou se homens das Forças Especiais são investigados, só alegou que todos os militares foram ouvidos. O órgão somente afirma que “aguarda o cumprimento de diligências em andamento, tais como a requisição dos projéteis recolhidos pela Polícia Civil, a fim de que seja realizado, por exemplo, o confronto balístico com as armas dos militares do Exército”.
Ação teve 13 ‘fantasmas’
Quando perguntado sobre a viagem da procuradora à Goiânia, o porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Roberto Itamar, admitiu a participação das Forças Especiais na operação do Salgueiro. Segundo ele, 13 “fantasmas” estiveram naquela madrugada no Complexo do Salgueiro. Em todas as notas relativas à operação, o Exército se limitou a informar que “militares das Forças Armadas” participaram da ação.
— Foram dois motoristas dos blindados, outros dois homens responsáveis pela manutenção e 13 homens das Forças Especiais, se não me engano. Mas as armas de nenhum deles disparou. As armas estão à disposição do MPM, e eles podem provar que não atiraram — afirma Itamar.
Um dos três sobrevivente da operação — um padeiro de 19 anos, que passava de motocicleta pelo local no momento da ação — afirmou a promotores do Ministério Público estadual, que também investiga o caso, que os tiros que atingiram as vítimas foram disparados por homens vestidos de preto, com capacetes e fuzis com mira a laser que estavam escondidos numa mata ao lado da Estrada das Palmeiras. A descrição da testemunha bate com a farda usada pelos “fantasmas”: diferente dos demais militares do Exército, que usam farda camuflada, as Forças Especiais usam uniformes e coturnos pretos e capacetes com óculos de visão noturna em ações à noite.
Homens de preto
Para integrar o Batalhão de Forças Especiais, os militares precisam passar por um rígido processo de seleção no Forte Imbuí, em Niterói, antes de seguirem para um mínimo de cinco anos de preparação em Goiânia. Só militares de carreira podem ser das Forças Especiais. Se o candidato à tropa de elite do Exército for um sargento, além do período de cinco anos na Academia Militar, ele precisará de mais dois para concluir sua formação.
Há ainda três cursos obrigatórios. O primeiro é o básico de paraquedista, que dura seis semanas. Em seguida, começa o de comandos, com carga horária de 800 horas, distribuídas ao longo de quatro meses, durante os quais são ensinadas técnicas de uso de explosivos e de combate e infiltração. A etapa final exige 1.200 horas de treinamento, num período de cinco meses.
Os “fantasmas” integram uma unidade do Comando da Brigada de Operações Especiais do Exército, que tem em seu brasão uma faca enfiada numa caveira, desenho que inspirou o símbolo do Bope. O Exército, entretanto, não dá publicidade às ações das Forças Especiais. Após o decreto de intervenção, homens do batalhão participaram de ações na Vila Kennedy, há três semanas.
Até os anos 1990, as Forças Especiais eram sediadas no Rio. A transferência para Goiânia ocorreu por causa do assédio de traficantes a militares e ex-integrantes da tropa. Em 2004, o Exército criou a Brigada de Operações Especiais, que reúne diversas unidades de elite.
Procurada, a procuradora Maria de Lourdes Sanson alegou que só se manifestaria sobre a investigação por escrito. Por meio de nota, entretanto, o MPM não negou nem confirmou se homens das Forças Especiais são investigados, só alegou que todos os militares foram ouvidos. O órgão somente afirma que “aguarda o cumprimento de diligências em andamento, tais como a requisição dos projéteis recolhidos pela Polícia Civil, a fim de que seja realizado, por exemplo, o confronto balístico com as armas dos militares do Exército”.
Ação teve 13 ‘fantasmas’
Quando perguntado sobre a viagem da procuradora à Goiânia, o porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Roberto Itamar, admitiu a participação das Forças Especiais na operação do Salgueiro. Segundo ele, 13 “fantasmas” estiveram naquela madrugada no Complexo do Salgueiro. Em todas as notas relativas à operação, o Exército se limitou a informar que “militares das Forças Armadas” participaram da ação.
— Foram dois motoristas dos blindados, outros dois homens responsáveis pela manutenção e 13 homens das Forças Especiais, se não me engano. Mas as armas de nenhum deles disparou. As armas estão à disposição do MPM, e eles podem provar que não atiraram — afirma Itamar.
Um dos três sobrevivente da operação — um padeiro de 19 anos, que passava de motocicleta pelo local no momento da ação — afirmou a promotores do Ministério Público estadual, que também investiga o caso, que os tiros que atingiram as vítimas foram disparados por homens vestidos de preto, com capacetes e fuzis com mira a laser que estavam escondidos numa mata ao lado da Estrada das Palmeiras. A descrição da testemunha bate com a farda usada pelos “fantasmas”: diferente dos demais militares do Exército, que usam farda camuflada, as Forças Especiais usam uniformes e coturnos pretos e capacetes com óculos de visão noturna em ações à noite.
Homens de preto
Para integrar o Batalhão de Forças Especiais, os militares precisam passar por um rígido processo de seleção no Forte Imbuí, em Niterói, antes de seguirem para um mínimo de cinco anos de preparação em Goiânia. Só militares de carreira podem ser das Forças Especiais. Se o candidato à tropa de elite do Exército for um sargento, além do período de cinco anos na Academia Militar, ele precisará de mais dois para concluir sua formação.
Há ainda três cursos obrigatórios. O primeiro é o básico de paraquedista, que dura seis semanas. Em seguida, começa o de comandos, com carga horária de 800 horas, distribuídas ao longo de quatro meses, durante os quais são ensinadas técnicas de uso de explosivos e de combate e infiltração. A etapa final exige 1.200 horas de treinamento, num período de cinco meses.
Os “fantasmas” integram uma unidade do Comando da Brigada de Operações Especiais do Exército, que tem em seu brasão uma faca enfiada numa caveira, desenho que inspirou o símbolo do Bope. O Exército, entretanto, não dá publicidade às ações das Forças Especiais. Após o decreto de intervenção, homens do batalhão participaram de ações na Vila Kennedy, há três semanas.
Até os anos 1990, as Forças Especiais eram sediadas no Rio. A transferência para Goiânia ocorreu por causa do assédio de traficantes a militares e ex-integrantes da tropa. Em 2004, o Exército criou a Brigada de Operações Especiais, que reúne diversas unidades de elite.