A organização não governamental (ONG) francesa SOS Chrétiens d’Orient reduziu ao mínimo sua presença na Síria para evitar o perigo para seus funcionários.
Sputnik
A Sputnik França falou com uma das voluntárias que ficou em Damasco apesar dos bombardeios. A interlocutora da agência pediu anonimato. Como revelou a voluntária, Damasco vive já durante muito tempo sob os bombardeios efetuados pelos jihadistas a partir de Ghouta. Em fevereiro ficou claro que a situação piorou abruptamente e foi deliberado fechar a representação da nossa ONG.
Amanhecer em Damasco © Foto: SANA |
"Nos últimos dez dias os bombardeios aumentaram. Estamos buscando recolher testemunhos porque sabemos que os moradores de Damasco estão muito indignados. O Ocidente fala muito sobre os acontecimentos em Ghouta, que realmente está sendo fortemente atacada do ar, mas Damasco também está sendo atacada, os ataques são efetuados pelos jihadistas que estão em Ghouta. Eles atacam com foguetes, granadas de morteiro, atacam inclusive o bairro cristão de Bab Tuma, onde vivem muitas famílias refugiadas", declarou.
Segundo contou a mulher, que conheceu moradores locais, os projetis podem cair em qualquer hora e lugar, as vítimas mais frequentes são os civis. Um homem perdeu o filho de sete anos na sequência de um ataque e ele próprio ficou ferido quando fazia compras no mercado. Outro homem foi gravemente ferido enquanto ia ao funeral da sua tia, ele perdeu muito sangue e não se sabe se ele poderá voltar a andar algum dia.
A própria cidade está como se estivesse abandonada: poucas pessoas aparecem nas ruas, os lugares públicos estão vazios, os moradores simplesmente têm medo de sair de casa.
De acordo com a voluntária, os moradores de Damasco que acompanham o que escreve a mídia ocidental se sentem muito indignados. Claro que aqueles que estão em Ghouta sofrem mais, mas Damasco continua sendo atacada já por muitos meses e no Ocidente falam pouco disso.
"A final de contas eles [moradores de Damasco] pensam que seus sofrimentos passam despercebidos, talvez por motivos políticos", destacou.
Ela lembrou que um dos sírios lhe mencionou que a mídia ocidental, silenciando o que acontece aqui conosco, nos mata pela segunda vez. Muitos moradores de Damasco acompanham a mídia francesa e pensam que os políticos franceses se esqueceram deles e perguntam por que a mídia francesa não faz cobertura dos acontecimentos em Damasco, resumiu a interlocutora da Sputnik França.