O parlamento português deve votar, no próximo dia 23, cinco projetos de resolução que recomendam ao governo ações imediatas para solucionar o problema causado pela atividade da Base das Lajes, na Ilha Terceira, arquipélago dos Açores.
Caroline Ribeiro | Sputnik
O centro da Força Aérea norte-americana é apontado como responsável pela contaminação da área com substâncias tóxicas.
Base das Lajes, Açores, Portugal © AFP 2018/ JOSE ANTONIO RODRIGUES |
As medidas propostas pelos partidos já passaram pela comissão do parlamento específica para assuntos de meio ambiente. O presidente da comissão, deputado Pedro Soares, explica que "tem havido reconhecimento, por parte das autoridades dos Estados Unidos, sobre o problema, mas não tem havido ainda uma resposta afirmativa e concludente sobre a necessidade de se avançar com um processo de descontaminação".
De acordo com o professor António Félix Rodrigues, da Universidade dos Açores, a contaminação "atinge o solo de algumas áreas residenciais, parte do aquífero basal da zona leste da ilha e já contaminou pelos menos dois furos de captação da água da cidade próxima da base, bem como os poços de várias habitações". As substâncias poluentes identificadas até agora são vários hidrocarbonetos e metais pesados, como chumbo, zinco e cobre.
A presença destes tóxicos tem sido associada a um aumento do número de casos de câncer na ilha. O professor explica que são substâncias que podem entrar no organismo através da respiração, do contato com a pele e por via oral. Ainda de acordo com Félix Rodrigues, a contaminação do solo e aquífero da ilha "ocorreu por acidente em alguns casos, por aterro intencional de substâncias perigosas, por atividades relacionadas com treinos militares, por atividades industriais norte-americanas de caráter comercial e, em outros casos, por incompetência técnica".
O presidente da comissão do meio ambiente do parlamento é claro sobre a urgência de uma solução. "No caso de as autoridades norte-americanas não se disponibilizarem a curto prazo para enfrentar o processo de descontaminação, que sejam as autoridades portuguesas a fazê-lo, sem prejuízo de virem a reclamar o ressarcimento das despesas às autoridades americanas. O que não podemos é ficar impotentes perante uma situação que é grave em termos ambientais, sociais e econômicos", afirma o deputado Pedro Soares.