A ponte construída por militares russos na Síria através do Eufrates se desmoronou por causa do brusco aumento do nível de água no rio com a abertura proposital das comportas de uma usina hidroelétrica.
Sputnik
Militares russos ergueram a ponte de 210 metros em setembro de 2017 a vários quilômetros de Deir ez-Zor para transporte de equipamentos militares e de soldados pela margem oriental do rio. A ponte suportava passagem de até 8.000 carros por dia, inclusive veículos blindados.
Soldados pró-governo sírio no rio Eufrates © AFP 2018/ STRINGER |
Segundo comunica o jornal Krasnaya Zvezda das Forças Armadas da Rússia, em 6 de janeiro, apesar da ausência de chuvas fortes, o nível de água no Eufrates aumentou vários metros de repente, e a velocidade do fluxo duplicou. No dia seguinte, a ponte caiu.
"A investigação, realizada por especialistas sírios, mostrou que a mudança drástica aconteceu com a abertura premeditada das comportas da usina hidroelétrica Tabqa, que está localizada na área das formações de oposição, que são controladas pela 'coalizão internacional' liderada pelos EUA", nota o jornal do Ministério da Defesa da Rússia.
De acordo com especialistas sírios, não havia necessidade de diminuir o nível de água na usina. Consecutivamente, as comportas podem ter sido abertas para "impedir reforço do governo sírio na margem oriental do Eufrates", sublinhou o jornal.
Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o especialista em assuntos do Oriente Médio, Grigory Lukiyanov, opinou sobre quem pode estar envolvido na destruição da ponte.
"Muitas pessoas estão interessadas em impedir passagem das tropas governamentais para outro lado do Eufrates. Trata-se de pequenos grupos de oposição, ligados às Forças Democráticas da Síria, a unidades do Daesh [organização terrorista proibida na Rússia] que continuam atuando na região e que começaram a agir ativamente em Idlib e em algumas outras regiões nas últimas semanas, resistindo fortemente às tropas sírias."
De acordo com ele, a tática de destruição de instalações através da criação artificial de catástrofes técnicas já foi aplicada algumas vezes pelos aliados do Daesh para melhoramento de suas próprias posições.
"É exatamente esse grupo que está menos interessado na restauração econômica e social da região", concluiu o especialista.