Agentes já ocupam, desde a noite de segunda-feira (19), diversas regiões do estado. Ação das forças de segurança é considerada a maior desde a vigência do decreto da GLO, em julho do ano passado.
Por G1 Rio
As Forças Armadas e agentes das polícias Civil e Militar realizam, na manhã desta terça-feira (20), uma operação na comunidade Kelson's, na Zona Norte do Rio. A ação integrada das forças de segurança teve início na noite desta segunda (19), com a ocupação do Arco Metropolitano e de rodovias que vêm de outros estados e passam pelo Rio de Janeiro, como a BR-116, na Baixada Fluminense.
Mapa mostra localização da favela da Kelson's, vizinha o centro de formação da Marinha (Foto: Reprodução/TV Globo) |
Até as 11h, seis bandidos foram presos e tinham sido apreendidas duas pistolas, cinco granadas, e três rádios transmissores nas comunidades Cidade Alta e 5 Bocas. Na região da Kelnso's, militares apreenderam cargas de maconha e outras drogas.
De acordo com o Comando Militar do Leste (CML), também há uma terceira linha de ocupações de acesso às comunidades do Salgueiro, em São Gonçalo, e do Chapadão e Pedreira, também na Zona Norte do Rio.
"Trata-se, então, da maior operação já realizada pelas Forças Armadas, pelas forças de segurança integradas desde o início das operações em julho do ano passado. Em termos de ocupação de espaço, vem desde as divisas do estado até o interior da cidade do Rio de Janeiro, e em três linhas de ocupação", afirmou o coronel Roberto Itamar, porta-voz do Comando Militar do Leste.
A favela da Kelson's fica ao lado do Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA), considerado o maior e mais diversificado centro de formação de praças da Marinha do país. Desde o começo do ano, a segurança no local foi reforçada após dois episódios de ameaças aos militares, como mostrou uma reportagem do G1.
A ação é coordenada pela Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro no contexto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e já estava programada antes do decreto presidencial de intervenção da Forças Armadas na segurança do Rio de Janeiro.
A operação tem apoio de homens do Batalhão de Ação com Cães (BAC), Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Grupamento Aeromóvel (GAM).
Ocupação
A ação na comunidade da Kelson's começou no início da noite desta segunda-feira (19), com a ocupação e instalação de vários pontos de bloqueio nas rodovias federais que cortam o Estado do Rio.
Algumas vias e acessos nessas áreas podem ser interditados, e setores do espaço aéreo poderão ser controlados, oportunamente, com restrições dinâmicas para aeronaves civis. Não há interferência nas operações dos aeroportos.
No Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, representantes de todas as instituições envolvidas nas operações estão acompanhando e orientando, em tempo integral, os desdobramentos, desde as 5h.
Militares ameaçados
No fim de janeiro, a Marinha abriu um inquérito para apurar ameaças a militares e tiros disparados para dentro do Centro de Instrução Almirante Alexandrino. De acordo com documento obtido pelo G1, os episódios ocorreram nos dias 21 e 24 de janeiro.
Segundo relatos de militares, numa manhã, um criminoso armado com uma pistola sentou no muro que separa o quartel da favela da Kelson's e ordenou que os recrutas parassem a atividade física porque o barulho estava incomodando. Os militares suspeitam que o homem que fez as ameaças seja integrante da facção criminosa que controla a Kelson's.
Em outro dia, tiros foram disparados para dentro da unidade e atingiram as instalações do centro.
Visita de Madre Teresa de Calcutá
Em 1982, a favela da Kelson's recebeu a visita de Madre Teresa de Calcutá. Na época, a comunidade nem de longe parecia o que é hoje: 800 barracos de madeira onde viviam cerca de 4 mil moradores em situações de pobreza extrema. Madre Teresa, que foi prêmio Nobel da Paz em 1979, foi à comunidade abrir um convento para atender os moradores.
Na época da visita, a Kelson's, nome da fábrica que existe na região, se chamava comunidade Marcílio Dias, uma homenagem ao marinheiro da Armada do Império brasileiro.
Em 2006, a favela chegou a ser ocupada por uma milícia que expulsou traficantes de drogas da comunidade. Quatro anos depois, os traficantes expulsaram os milicianos. A comunidade tranquila visitada por Madre Teresa, atualmente, tem barreiras que dificultam o acesso das pessoas à região.