Desde o último dia 28 de dezembro, o Irã sofre uma onda repentina de protestos, a maior desde que manifestantes invadiram as ruas contrários à reeleição do então presidente Mahmoud Ahmadinejad. A origem das manifestações de 2017 e as declarações de Trump parecem indicar o desenho da política externa norte-americana na agitação do Oriente Médio.
Sputnik
As ruas da capital iraniana, Teerã, foram ocupadas por manifestantes após a replicação de um vídeo nas redes sociais em que forças de segurança pública são vistas abrindo fogo contra civis. No entanto, de acordo com a rede de notícias Al-Jazeera, as imagens replicadas são de 2009, postadas na internet em 2011. A reportagem do canal árabe mostra ainda que a pessoa responsável por postar as imagens estava localizada na Califórnia, Estados Unidos.
Manifestação no Irã © REUTERS/ Francois Lenoir |
Outra gravação mostrando uma horda de pessoas enfrentando a polícia e foi atribuída pela conta pró-israel como sendo parte dos protestos iranianos. As imagens, no entanto, são das manifestações na Argentina contra a reforma da Previdência, filmadas no dia 18 do mês passado como pode ser visto no comparativo entre a gravação verdadeira postada em dezembro e tweet com a informação falsa (que conta, até o momento, com mais de 1,4 mil retweets). Na gravação é possível, inclusive, ouvir os manifestantes gritando em espanhol.
Ainda segundo a CNN, ao contrário dos protestos contra Ahmadinejad que focavam em esclarecer fraudes eleitorais, os atuais não possuem liderança clara e objetivos fixos. O canal de TV norte-americano noticiou que os encontros têm reunido poucos milhares de manifestantes, conduzidos por líderes religiosos que usam das queixas da população relativas à economia para desestabilizar o governo "moderado" de Hassan Rouhani.
A origem das notícias falsas não foi precisada, o que motivou Teerã a bloquear todas as redes sociais do país alegando motivos de segurança.
Apoio dos EUA
Na manhã desta quarta (3), o presidente Donald Trump usou o Twitter para demonstrar "respeito pelas pessoas do Irã que lutam contra um governo corrupto". O mandatário estadunidense aproveitou a oportunidade para prometer "grande apoio dos Estados Unidos" em época apropriada.
Anteriormente, o Departamento de Estado já tinha divulgado nota em que dizia estar "acompanhando os relatos de protestos pacíficos por cidadãos iranianos em todo o país" e afirmar que os EUA "condenam veementemente a prisão de manifestantes pacíficos" e instam "todas as nações a apoiarem publicamente o povo iraniano e suas demandas por direitos básicos e o fim da corrupção".
Em resposta aos tweets de Trump, Rohani afirmou que "as pessoas são absolutamente livres para criticar o governo", acrescentando que os protestos devem ser realizados de modo a provocar melhorias no país. O presidente iraniano também criticou Donald Trump.
"Este homem que simpatiza hoje com o nosso povo esqueceu que chamou a nação iraniana de terrorista há alguns meses. Esse homem que está contra a nação iraniana no seu núcleo não tem o direito de simpatizar com os iranianos", disse.
Oposição
Combater a política iraniana em curso é uma promessa de campanha de Donald Trump. Anteriormente, o republicano usou seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas para avaliar o governo do Irã, dizendo que "regimes opressivos não podem durar para sempre e chegará o dia em que o povo iraniano enfrentará uma escolha".
Enquanto isso, protestos anti-governamentais foram "respondidos" por manifestações pró-governo maciças no sábado. Reuniões em apoio ao governo foram realizadas em cerca de 1.200 cidades do Irã, incluindo a capital, Teerã e a segunda cidade mais populosa do país, Mashhad.