Drone dá uma volta de 360º, analisando trincheiras, tanques e posicionamento dos mísseis da defesa antiaérea. Ao confirmar os dados da vigilância por satélite, o drone volta. Em seguida, uma onda de projéteis cobrem áreas fortificadas do inimigo.
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Contudo, os mísseis de alta precisão (cada um custa mais de US$ 1 milhão) não causaram nenhum prejuízo ao inimigo, já que o operador do drone "mordeu a isca" e orientou a aviação para posições falsas. Como resultado, nenhum material bélico foi eliminado. Tanques, veículos blindados e mísseis "eliminados" eram apenas balões de ar baratos, mas muito parecidos com o equipamento real.
Soldados russos preparam camuflagem (tanque de ar) © Sputnik/ Aleksandr Melnikov |
Como preparar a isca em 3 minutos
No dia 21 de janeiro, no aniversário das tropas da engenharia militar, o Ministério da Defesa russo convidou a mídia para demonstrar como seus soldados elaboram em campo um pelotão de tanques ou um aeródromo em menos de uma hora.
Em alguns minutos, os equipamentos começam a obter formas, e depois de 30 minutos, no meio do campo, surge uma cópia "de ar" do interceptor ameaçador MiG-31. Em seguida, surgem tanques T-80 (enchidos de ar em 3 minutos) e sistema de defesa antiaérea S-300 (preparado em quinze minutos). A uma distância de 100 metros, a visão humana quase não consegue diferenciar simples bexigas do material de combate real.
Satélites, drones e sistemas modernos de vigilância são enganados muito facilmente, basta posicionar um propagador de calor nas bexigas gigantes. O inimigo, analisando posições com câmera térmica, acredita ter encontrado motores bem aquecidos. Além do mais, o material das bexigas é capaz de refletir ondas de radares inimigos, igual ao material blindado real.
Toda a guerra é baseada no engano, dizia Sun Tzu, general, estrategista e filósofo chinês. Pois, os militares russos sabem como trapacear inimigo, até o mais vigilante. Cada tanque de borracha é posicionado no mato, ou seja, em um lugar propício para receber os disparos do inimigo.
Soldados russos preparam camuflagem de tropas (avião de ar) © SPUTNIK/ ALEKSANDR MELNIKOV |
Resposta assimétrica
Notícias sobre compra de bexigas em formato de material bélico geram comentários completamente desprovidos do conhecimento da arte militar, por exemplo, "não têm dinheiro para tanques reais, por isso compram borracha". Contudo, a experiência militar de guerras recentes e conflitos armados comprovou a alta eficácia destas "armas". Por exemplo, durante operação militar, realizada pela OTAN na Iugoslávia em 1999, a aviação da Aliança Atlântica em quatro meses conseguiu eliminar no território de Kosovo apenas 20 tanques sérvios, 18 veículos de combate de infantaria e 20 canhões. Outras centenas de unidades de equipamento blindado que foram "eliminadas" pelos pilotos norte-americanos não passavam de balões de ar. A armadilha funcionou, o exército da Sérvia conseguiu preservar grande parte de seu arsenal. A falha abriu os olhos da Aliança Atlântica para não realizar operação terrestre no Kosovo.
O Ministério da Defesa russo começou a comprar em massa balões de ar em formato de equipamento militar em meados dos anos 2000. O conjunto dos "sósias" de borracha é considerável; há balões em formato de tanques T-72 e T-80, interceptores MiG-31, caças MiG-29, sistemas de mísseis Iskander, sistemas de defesa aérea S-300. Cada bexiga pesa mais ou menos 30 quilos.
A mudança de posição do balão de ar também ajuda a confundir i inimigo. Por exemplo, a torre do tanque pode girar e escotilhas podem se abrir. Um tanque pode estar cheio de combustível, outro não. Isso ajuda a criar uma diferença entre "os irmãos gêmeos de ar", pois, o material bélico "de balão" fica igual ao real, mesmo assim, todos os modelos são diferentes um do outro, o que confunde ainda mais o inimigo.
Vale destacar que o uso dos balões de borracha continua crescendo no exército da Rússia, sem contar no aumento das exportações para outros países. São "armas" simples e baratas que representam uma resposta assimétrica efetiva, capaz de enganar até mesmo o exército mais desenvolvido em termos de tecnologia de ponta.