Governo brasileiro, que tem poder de veto na negociação, é contra eventual transferência do controle acionário da Embraer.
Por G1 Vale do Paraíba e Região
As negociações para fusão entre a Boeing e a Embraer, que pode criar uma gigante global de aviação, incluem a área de defesa da fabricante de aviões brasileira. A informação foi apurada pelo repórter André Luis Rosa, da TV Vanguarda.
Situação das gigantes aéreas Embraer, Boeing, Airbus e Bombardier (Foto: Infográfico/Alexandre Mauro) |
O interesse nesse setor da Embraer pode dificultar o negócio. O governo federal afirmou que é contra a transferência do controle da brasileira à Boeing e defende que muitas inovações aplicadas à aviação comercial são fruto de pesquisa da área de defesa, o que, em caso de acordo com a americana, a parceria poderia esbarrar na soberania nacional.
"Existem coisas que não é uma questão de ser contra mercado, nacionalismo ou seja o que for. São inegociáveis. Elas remetem à soberania nacional", disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann, no último dia 27.
O modelo da parceria ainda não está fechado e a informação é de que ainda se busca encontrar um modelo que preserve os interesses de defesa e segurança do Brasil e crie possibilidade de preservar as capacidades de defesa da Embraer, conforme as políticas de segurança do governo brasileiro.
A proposta só deve ser levada ao governo federal quando houver um modelo definido.
A Boeing e a Embraer apenas confirmam que estão em fase de tratativas para uma parceria. Caso fechem o acordo de fusão, ele ainda precisará do aval de autoridades brasileiras e americanas.
A União tem uma ação de classe especial, chamada de "golden share", que dá poder de veto em decisões estratégicas da Embraer. Isso ocorre porque a empresa nasceu como estatal e foi privatizada nos anos 90.
Gigante na aviação
A união entre as empresas pode criar uma gigante global de aviação, com forte atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional. A informação da negociação foi divulgada pelo jornal americano "Wall Street Journal" no fim de dezembro e confirmada pelas duas empresas.
As discussões entre Boeing e Embraer ocorrem meses após as suas principais concorrentes, a europeia Airbus e a canadense Bombardier, unirem esforços. A Airbus comprou uma participação majoritária na produção do modelo C-Series, uma família de aeronaves de médio alcance, com capacidade de transportar entre 100 e 150 pessoas, concorrente direta dos jatos da Embraer.
A Airbus e a Boeing são as principais fabricantes de aeronaves comerciais para voos de longa distância. Já a Embraer e a Bombardier lideram o mercado de jatos regionais, com aeronaves equipadas para voar distâncias menores.
Boeing e Embraer já são parceiras em diversos projetos. Elas anunciaram neste ano um acordo para venda e suporte técnico do novo cargueiro da Embraer, o KC-390. As duas empresas mantêm um centro de pesquisas conjunto sobre biocombustíveis para aviação em São José dos Campos desde 2015.