O delegado especial da Coreia do Norte para as relações culturais com países estrangeiros, Alejandro Cao de Benós, percorreu com a Sputnik Mundo a atualidade do país asiático, desde as últimas sanções da ONU e a troca de tiros na fronteira entre as duas Coreias até às ameaças de Trump.
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Entre as perguntas mais destacadas foram o porquê de, apesar de todas as declarações e trocas de ameaças, até hoje continuamos bem longe de um conflito nuclear real.
Militares norte-coreanos © AFP 2017/ ED JONES |
Para Alejandro Cao de Benós, são as próprias armas nucleares da Coreia do Norte o que impede Trump de levar a cabo uma invasão como as que os EUA fizeram nos casos do Iraque e Líbia. Este tipo de armamento tático e dissuasório é concebido para não ser usado, caso contrário afetaria toda a população mundial.
Ele lembrou que durante a existência da URSS e em plena Guerra Fria com os EUA nunca se chegaram a usar mísseis intercontinentais, apesar de ambos serem os dois países com o maior arsenal nuclear do mundo.
"Um ataque 'preventivo' dos EUA implicaria uma resposta nuclear imediata por parte da República Popular Democrática da Coreia contra os principais alvos militares inimigos", destacou Alejandro Cao de Benós.
Outro assunto que não pode deixar de ser mencionado são as sanções contra Pyongyang que se tornam cada vez mais severas.
"As sanções destinadas a sufocar a Coreia [do Norte] dificultam nosso comércio exterior e elevam o preço dos produtos, mas em nenhum caso funcionarão para alterar a nossa política socialista e o nosso rumo", assegurou o delegado especial da Coreia do Norte, acrescentando que as sanções só funcionam com nações que dependem fortemente de seu comércio exterior.
Falando da troca de tiros ocorrida recentemente na fronteira entre as duas Coreias e dos casos de deserção do Norte, Alejandro Cao de Benós explicou que em todas as sociedades com milhões de habitantes há sempre muitas ideologias e comportamentos morais.
Além disso, prosseguiu, existe uma propaganda contínua por parte dos governos dos EUA e da Coreia do Sul, que destinam milhões de dólares para criar notícias falsas.
"Neste caso, um soldado do Norte acreditou nessa propaganda e passou ilegalmente ao Sul através da fronteira militar. E, nesse mesmo dia, um cidadão norte-americano de Luisiana tentou entrar no Norte e pedir asilo político através dessa mesma fronteira, mas foi detido pelos militares do Sul", lembrou.
Para além de aumentar a tensão nuclear na região, Pyongyang é acusada de estar por trás de ataques cibernéticos com o vírus WannaCry, o que está muito longe de ser verdade, assegurou o interlocutor da Sputnik Mundo.
"Esta informação é totalmente falsa e lhe falta qualquer argumento ou prova tecnológica. Além disso, ela contradiz a própria propaganda ocidental que diz sempre que não há eletricidade, computadores ou acesso à Internet na Coreia do Norte", declarou Alejandro Cao de Benós.
Ele contou que na Coreia do Norte há especialistas em tecnologias informáticas e segurança cibernética e assegurou que seu objetivo não é realizar ataques com vírus como o WannaCry. Além disso, o delegado lembrou que todos os profissionais independentes, especialistas em ataques cibernéticos e consultados sobre o WannaCry, desmentiram que Coreia do Norte tenha feito esses ataques, resumiu.