Pedido é de que reunião ocorra até o final desta semana. EUA reconheceram Jerusalém como capital de Israel, provocando críticas internacionalmente.
Por G1
Oito países pediram nesta quarta-feira (6) uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU depois que os Estados Unidos anunciaram o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel e a transferência para lá de sua embaixada - atualmente instalada em Tel Aviv. A presidência japonesa do Conselho informou à agência France Presse que a reunião será realizada na manhã da próxima sexta-feira.
O presidente dos EUA, Donald Trump, exibe proclamação que reconhece Jerusalém como capital de Israel nesta quarta-feira (6) na Casa Branca (Foto: Kevin Lamarque/ Reuters) |
Um comunicado da missão sueca informa que Bolívia, Egito, França, Itália, Senegal, Suécia, Reino Unido e Uruguai pediram uma reunião de emergência do órgão decisório até o final desta semana.
O anúncio de Trump, feito um dia após diversos apelos da comunidade internacional para que a decisão não fosse tomada, foi comemorado por políticos israelenses, mas recebeu muitas críticas internacionalmente. Protestos foram realizados na Faixa de Gaza e na Turquia.
O reconhecimento da cidade como capital é considerado polêmico, uma vez que os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado, e a comunidade internacional não reconhece a reivindicação israelense sobre a cidade como um todo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o status de Jerusalém deve ser decidido por uma "negociação direta" entre israelenses e palestinos, reiterando que sempre foi "contra toda medida unilateral". "Não há alternativa à solução de dois Estados", afirmou.
Anúncio de Trump
"Hoje finalmente reconhecemos o óbvio: que Jerusalém é a capital de Israel", disse Trump nesta quarta-feira em discurso na Casa Branca. "Isso é nada mais nada menos do que o reconhecimento da realidade. Também é a coisa certa a fazer. É algo que tem que ser feito".
O presidente americano disse que os EUA estão "profundamente comprometidos" em facilitar um "acordo de paz aceitável" tanto para israelenses como para palestinos e em apoiar uma solução de dois Estados no Oriente Médio, caso os dois lados queiram isso.
Para o presidente americano, Jerusalém deve continuar sendo o lugar sagrado e local de culto de judeus, muçulmanos e cristãos. Trump também disse que o dia pede "calma, vozes de moderação", para que a ordem prevaleça sobre o ódio.
Ele disse que o vice-presidente Mike Pence irá ao Oriente Médio nos próximos dias.
Com o anúncio, Trump cumpre uma promessa feita ainda durante a campanha eleitoral de 2016, como uma forma de satisfazer a base pró-Israel de direita que o ajudou a conquistar a presidência.
Sua decisão faz com que seja cumprida a lei que prevê o reconhecimento de Jerusalém como capital que foi adotada pelo Congresso americano em 1995. A aplicação da lei vinha sendo adiada nas últimas duas décadas, sob justificativa de "interesses de segurança nacional". Em junho, o próprio Trump adiou a aplicação da lei por mais seis meses.
Controvérsia
O status de Jerusalém é considerado um dos maiores obstáculos nas negociações de paz entre Israel e os palestinos.
A cidade foi anexada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, que considera a cidade como capital indivisível. Na época, a decisão contrariou recomendações do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Já os palestinos consideram Jerusalém Oriental, atualmente controlada por Israel, como a capital de seu futuro estado. Jerusalém é considerada um local sagrado pelos judeus, muçulmanos e cristãos.