A alta representante da União Europeia (UE) para Política Externa, Federica Mogherini, afirmou nesta quinta-feira que a decisão do presidente americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel poderia dirigir "a tempos mais obscuros" e ter um impacto "muito preocupante".
EFE
"O anúncio de Trump sobre Jerusalém tem um impacto potencial muito preocupante. É um contexto muito frágil e o anúncio tem o potencial de nos levar para trás, a tempos mais obscuros do que os que já estamos vivendo", comentou a política italiana durante uma breve entrevista coletiva.
A alta representante da União Europeia (UE) para Política Externa, Federica Mogherini. EFE/ Olivier Hoslet |
Mogherini acrescentou que a proposta do líder poderia reduzir o papel de Washington no Oriente Médio e gerar mais confusão.
"É parte das preocupações que temos, de que este movimento poderia reduzir o papel potencial que os Estados Unidos têm na região e criar mais confusão em torno disto", declarou.
Nesse sentido, a alta representante afirmou que o clube comunitário, junto com os parceiros regionais e no marco do Quarteto para o Oriente Médio composto pela própria UE, pela ONU, pela Rússia e pelos EUA, está agora "decidido a ter um papel inclusive mais ativo para tentar relançar o processo de paz e dar uma oportunidade" à solução de dois Estados.
"Somos muito conscientes de que neste momento são necessários importantes pontos de referência. Sabemos que a credibilidade da União Europeia quando trata-se do processo de paz no Oriente Médio é e continua sendo forte com todos os interlocutores no terreno, incluídas as duas partes. E estamos prontos para desempenhar o nosso papel por completo em coordenação com nossos parceiros", disse.
Em qualquer caso, Mogherini ressaltou que os Vinte e Oito "sempre" tiveram certeza e seguem tendo do papel "crucial e fundamental" dos Estados Unidos para relançar as negociações.
Sobre a chamada do chefe político do movimento islamita Hamas, Ismail Haniye, aos palestinos para começar amanhã uma terceira Intifada, a chefe da diplomacia comunitária pediu que todas as manifestações sejam "pacíficas" e que evitem que a situação piore, por isso que pediu "responsabilidade e sabedoria" na reação, e respeito ao "status quo" dos lugares sagrados.
A ex-ministra italiana também ressaltou o compromisso dos Vinte e Oito com a solução de dois Estados com Jerusalém como capital de ambos países.
Além disso, disse que durante o Conselho de ministros de Relações Exteriores da União Europeia nesta semana tanto ela como os titulares dos Estados-membros mostraram desacordo com a decisão de Trump ao seu secretário de Estado, Rex Tillerson.
Do mesmo modo, precisou que reiterou ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, a manutenção da posição comunitária com relação ao conflito árabe-israelense durante uma conversa telefônica na quarta-feira.
Sobre a visita a Bruxelas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na próxima segunda-feira, afirmou que espera abordar a questão de Jerusalém e as perspectivas do processo de paz com o líder.