Está em tramitação no Congresso projeto de lei que abre crédito especial para capitalização da Emgepron em R$ 500 milhões, para início da construção das corvetas classe “Tamandaré” (CCT).
Poder Naval
Essa capitalização poderá garantir, por exemplo, os pagamentos iniciais (chamados “downpayment”) que cubram o inicío de produção dos “long lead time items” (equipamentos de longo tempo de fabricação, como os sistemas de propulsão) em eventuais assinaturas de contratos de encomendas e de financiamento com o estaleiro parceiro vencedor da concorrência para a construção dos navios em estaleiros nacionais.
Concepção em 3D da corveta classe Tamandaré (CCT) |
A lei viabilizará a capitalização da Empresa Gerencial de Projetos Navais – Emgepron, a fim de iniciar o programa de Recomposição do Núcleo do Poder Naval a partir da construção de quatro corvetas, em estaleiros nacionais, com transferência de tecnologia e participação de parceiro estrangeiro, dotadas de sistemas de armas e sensores que as habilitam às operações típicas dos navios escolta.
A lei seria votada ontem a partir das 18h, mas por falta de quórum deputados e senadores voltarão a se reunir em nova sessão do Congresso na próxima terça-feira (12), às 14 horas.
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A classe Tamandaré
A Corveta Classe “Tamandaré” (CCT) foi projetada pelo Centro de Projetos de Navios da Marinha do Brasil (CPN) sob o conceito “stealth”. Ela é uma evolução das classes “Inhaúma” e “Barroso”.
Comparação entre os perfis da corveta Barroso e da futura classe Tamandaré, e desenho com arranjo interno e compartimentação da nova corveta |
A CCT foi concebida para ser uma plataforma poderosa para missões diversas e para emprego contra ameaças aéreas, de superfície e submarinas.
O navio pode ser configurado com vários sistemas e armas, como canhões de médio e grosso calibres, metralhadoras e sistemas de controle tático.
A corveta também conta com convoo e hangar para helicóptero orgânico.
- Comprimento: 103,4 m
- Boca máxima: 12,8 m
- Calado: 4,21 m
- Deslocamento: 2.715 t
- Velocidade máxima: 25 nós
- Tripulação: até 136 militares
- Propulsão: CODAD (4 MCP)
- Capacidades operativas: ASup/GAA-GE/GAS/AAw/MIO
Chamamento Público para parceria na construção
Em 10 de abril de 2017, a Diretoria de Gestão de Programas da Marinha (DGePM) publicou no Diário Oficial da União (DOU) um Chamamento Público convidando para participar do futuro processo licitatório empresas ou consórcios, nacionais ou estrangeiros, capacitados nos últimos dez anos em construção de navios militares de alta complexidade tecnológica, com deslocamento superior a 2.500 toneladas.
As seguintes empresas/consórcios, por ordem alfabética, apresentaram documentações em atenção ao Aviso de Chamamento Público:
- BAE Systems Ltd;
- Chalkins Shipyards S.A.;
- China Shipbuilding and Offshore Co Ltd;
- China Shipbuilding Trading CO Ltd;
- Damen Schelde Naval Shipbuilding B.V.;
- DCNS do Brasil Serviços Navais Ltda;
- Ficantieri S.p.A.;
- German Naval Yards Kiel GmbH;
- Goa Shipyard Ltd;
- Mazagon Dock Shipbuilders Ltd;
- Navantia SA;
- Poly Technologies Inc;
- Posco Daewoo do Brasil;
- Rosoboronexport Joint Stock Company;
- SAAB AB;
- Singapore Technologies Marine Ltd;
- State Research and Design Shipbuilding Centre;
- Turkish Associated International Shipyards;
- Thyssenkrupp Marine Systems GmbH;
- Wuhu Shipyard CO Ltd, e;
- Zentech do Brasil Serviços Técnicos Ltda.
O processo de obtenção das CCT obedecerá às seguintes diretrizes básicas estabelecidas pela MB:
- prioridade no atendimento às necessidades estratégicas de defesa do País, por meio da obtenção de novos navios militares de superfície, a fim de contribuir para o cumprimento das tarefas constitucionais da Força Naval;
- necessidade de contar com empresa capacitada em projetar e construir navios militares de alta complexidade, cuja contratação deverá estar associada a um estaleiro nacional e à prática compensatória voltada para a geração de benefícios de natureza industrial, tecnológica e comercial ao Brasil; e
- reconhecimento da importância estratégica e econômica da participação no processo das empresas nacionais que compõe a base industrial de defesa.
A próxima etapa do projeto prevê a elaboração e divulgação, ainda em 2017, da Solicitação de Proposta (Request for Proposal – RFP). Após o recebimento de propostas dos estaleiros interessados, a previsão é que as três melhores propostas formem a chamada “short list”. Em seguida, esses três ofertantes deverão enviar suas “BAFO” (Best and Final Offer – última e melhor oferta) ainda em 2018, para a seleção final.