Os EUA planejaram acabar até 2019 com o uso de bombas de fragmentação, um tipo de explosivo que expulsa munições menores para matar pessoas e obliterar veículos, mas nesta quinta-feira, o Pentágono aprovou uma nova política que reverteu a promessa.
Sputnik
O presidente dos EUA, George W. Bush, declarou em 2008 que os EUA deixariam de usar bombas de fragmentação até 2019. No entanto, o Pentágono declarou que as armas têm um uso legítimo nas operações militares.
Cluster bomb © AP Photo/ Mohammed Zaatari |
Quando explodem, as bombas de fragmentação dispersam centenas ou milhares de explosivos menores em várias partes em um raio de alcance do tamanho de um campo de futebol. Essas dispersões, porém, podem explodir décadas depois. De 2 a 20% dos explosivos dispersados não conseguem detonar no primeiro uso, de acordo com Legacies of War, uma ONG com sede em Washington.
A Convenção das Nações Unidas que proíbe esse tipo de armas entrou em vigor em 2010. Mais de 100 países se tornaram signatários do acordo. Os EUA, Israel, China, Rússia, Brasil, Paquistão e Índia, porém, se opuseram ao tratado. Acredita-se que essas nações produzam ou estoquem munições de fragmentação em quantidades significativas.
De acordo com a política aprovada na quinta-feira, os EUA autorizarão os comandantes militares a usarem munições de cluster a seu critério até que uma melhor opção esteja disponível para reduzir riscos humanitários, conforme reportado pela Associated Press.
A política, estabelecida em um memorando escrito pelo vice-secretário de Defesa, Patrick Shanahan, afirma que "as munições de fragmentação são armas legítimas com uma clara utilidade militar". Embora o Pentágono "busque lançar uma nova geração de munições mais confiáveis, não podemos arriscar o fracasso da missão ou aceitar o potencial de vítimas militares e civis aumentadas, perdendo as melhores capacidades disponíveis", completou Shanahan.
"Isso não é surpreendente", disse Luke O'Brien, membro da Guilda de Escritores Militares, na quinta-feira.
Os explosivos que não detonam podem difíceis de rastrear, cita o Pentágono ao justificar por que considera viável a aplicação militar de munições de fragmentação. Para as autoridades de Defesa americanas, se o país interrompesse o uso de bombas de fragmentação, teria que recorrer a outras armas que poderiam causar ainda mais danos a civis localizados perto de onde as bombas caíram.
Em outros países, como o Laos, que viu o uso sustentado de bombas de fragmentação em operações militares durante muitos anos, centenas de civis continuam a morrer todos os anos ao pisar em bombas não detonadas. Para reparar o dano, campanhas de educação pública são executadas para ensinar as crianças a evitar "cores vivas" dispersas no chão se notarem algo diferente. Embora o bombardeio dos EUA no Laos tenha terminado há mais de 40 anos, mais de 20 mil pessoas morreram de bombas de fragmentação não explodidas encontradas em campos agrícolas desde a conclusão da guerra, tornando muitas regiões vitais para a economia de subsistência inviáveis para uso.