Os Estados Unidos pediram ao Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira que imponha “as medidas mais duras possíveis” contra a Coreia do Norte, em resposta a seu sexto e mais potente teste nuclear.
Angela Nunes | Veja
“Apenas as sanções mais duras vão nos possibilitar resolver esse problema pela diplomacia”, alegou a embaixadora americana na organização, Nikki Haley, em uma reunião de emergência do órgão. Haley afirmou que o teste do último sábado é um sinal claro de que o tempo para medidas paliativas acabou e que Kim Jong-un está “implorando por uma guerra”.
© AFP Imagem divulgada pelo Ministério da Defesa da Coreia do Sul em Seul mostra o sistema de mísseis disparando um míssil Hyunmu-2 no Mar do Oriente a partir de um local não revelado durante um exercício simulando um ataque nuclear da Coreia do Norte |
A embaixadora declarou também que os Estados Unidos não querem guerra, mas irão se defender das ameaças norte-coreanas aos territórios americanos. “A guerra nunca é algo que os Estados Unidos desejam – não queremos isso agora”, disse Haley. “Mas a paciência do nosso país não é ilimitada. Vamos defender nossos aliados e nosso território”, completou.
Para Haley, a abordagem de sanções graduais do Conselho não funcionou. “A Coreia do Norte tem desafiado resoluções da ONU há 20 anos”, disse. “Apesar de nossos esforços, o programa nuclear está mais avançado e mais perigoso do que nunca”, completou.
A reunião do Conselho de Segurança foi convocada em resposta ao último teste nuclear de Kim Jong-un e, diferentemente dos últimos encontros sobre a Coreia do Norte, aconteceu em uma sessão aberta. Apenas este ano, o Conselho se reuniu outras nove vezes para discutir as ameaças de Pyongyang.
A embaixadora afirmou que os Estados Unidos olharão para todos os países que fazem negócios com a Coreia do Norte como apoiadores do regime de Kim Jong-un. Ontem, o presidente americano Donald Trumpameaçou no Twitter interromper todo o comércio com qualquer país que faça negócios com a Coreia do Norte.
Diálogo e “cabeça fria”
Já a China voltou a defender o diálogo com Pyongyang e advertiu o Conselho que não permitirá o caos, nem uma guerra na península coreana. “A situação na península se deteriora constantemente enquanto falamos, entrando em um círculo vicioso”, disse o embaixador chinês, Liu Jieyi. “O tema da península deve se resolver pacificamente. A China nunca permitirá o caos, nem a guerra na península”, garantiu.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse que soluções militares não podem resolver o problema da península coreana e advertiu que há uma “necessidade urgente de manter a cabeça fria e de se abster de qualquer ação que possa escalar as tensões”.
“Um acordo abrangente para a questão nuclear e outras que estão atormentando a península coreana pode ser atingido exclusivamente por canais político-diplomáticos, inclusive aplicando os esforços de mediação do secretário-geral das Nações Unidas”, disse Nebenzia ao Conselho de Segurança da ONU.
Fim das restrições
Trump e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, concordaram em retirar restrições ao desenvolvimento de mísseis mais potentes e com o envio de um de um sistema de defesa de mísseis para o país sul coreano, segundo comunicado do gabinete da presidência do país. Trump e Jae-in conversaram por telefone pela primeira vez após o último teste nuclear da Coreia do Norte. Eles também concordaram, segundo o comunicado, que a ação do regime de Pyongyang foi uma grave provocação “sem precedentes”.
Ameaça a paz
Moon conversou por telefone também como presidente russo, Vladimir Putin. Os dois líderes condenaram categoricamente a Coreia do Norte por seu mais recente teste nuclear, disse o Kremlin, em comunicado. Segundo o Kremlin, Putin disse a Moon que a única maneira de resolver a crise é por meio de diplomacia e conversações.
A Rússia viu o mais recente teste de Pyongyang como uma ameaça séria à paz e segurança na região. “É muito fácil dizer a palavra ‘guerra’ para países fora da região, mas aqueles na região precisam ser mais inteligentes e mais equilibrados”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov a repórteres.