Washington e Coreia do Sul provocam agravamento da crise na península da Coreia

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A "mentalidade da guerra fria" não permitiu à nova administração estadunidense renunciar aos treinamentos conjuntos com a Coreia do Sul, consideram especialistas.


Sputnik

Na véspera do começo dos treinamentos, a Coreia do Norte advertiu que com essas manobras os EUA e Coreia do Sul apenas estão "deitando lenha fogo". Tais declarações costumam preceder as manobras de Seul e Washington, pois elas são consideradas por Pyongyang como um ensaio da intervenção no seu território.


Tanque da Coreia do Sul dispara durante exercícios conjuntos com os EUA
Tanque da Coreia do Sul © AFP 2017/ JUNG YEON-JE

Em meados deste mês, a Coreia do Norte ameaçou disparar seus mísseis contra a ilha americana de Guam, embora o líder norte-coreano, Kim Jong-un, tenha dado a entender mais tarde que o plano de ataque foi adiado à espera de que os EUA deem seu próximo passo.

Será que os treinamentos conjuntos podem se tornar esse passo? Um passo que fará Kim Jong-un a agir? A Sputnik China falou com especialistas para saber em que podem resultar as ações da Coreia do Sul e EUA.

"Habitualmente Pyongyang reage com uma onda de declarações. Ou realiza lançamentos de mísseis. Vamos ver. Nada pode ser excluído. Devido aos treinamentos, a situação na região se agravará. Isto acontece duas vezes durante o ano quando há manobras dos EUA com a Coreia", disse Konstantin Asmolov, especialista em Estudos do Extremo Oriente.

Em 2015, por exemplo, durante os treinamentos Ulchi Freedom Guardian, Seul e Pyongyang trocaram tiros de artilharia e mísseis na área de sua fronteira terrestre comum. O incidente aconteceu quando dois soldados sul-coreanos foram feridos por minas na zona desmilitarizada. Na altura, Seul acusou Pyongyang de colocar minas nesta área.

No âmbito da crise atual, os riscos que um pequeno incidente local possa provocar um conflito em grande escala são enormes. Pequim, por sua vez, tenta acalmar as partes, enquanto Washington recusa desistir da realização das manobras, se referindo ao caráter regular e ininterrupto dos treinamentos. As manobras Ulchi Freedom Guardian se realizam regularmente desde 1976.

A "mentalidade da guerra fria" continua presente em Washington, considera Liu Zhao, especialista em assuntos da península coreana, e o plano sobre eliminação da Coreia do Norte ainda está sendo elaborado.

"Mesmo que eles chamem estas manobras de rotineiras, nos últimos anos seu programa mudou. Para além disso, a cada vez aumenta a quantidade de forças envolvidas nos treinamentos. Isto dá a Pyongyang a possibilidade os considerar como uma ameaça à segurança nacional e continuar realizando testes de mísseis", explicou Liu Zhao.

Ele acrescentou que as "manobras de Seul e Washington são um desafio à estabilidade e segurança na península da Coreia", o que é muito arriscado levando em consideração a situação na região.

"Se a escala das manobras provocar mais um surto de irritação de Pyongyang, uma nova vaga de tensão será muito possível, o que é bem preocupante", advertiu Liu Zhao.

Das manobras conjuntas de Seul e Washington participarão cerca de 40 mil militares e milhares de especialistas, o que, de acordo com Konstantin Asmolov, é uma quantidade excessiva para um simples treino de interação.


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