Nesta terça-feira (horário local) a Coreia do Norte lançou um míssil balístico que, depois de sobrevoar o espaço aéreo japonês, caiu no Oceano Pacífico, cerca de 1.180 quilômetros ao leste da ilha japonesa de Hokkaido.
Sputnik
Por que Pyongyang disparou o projétil na direção do Japão, e não da ilha de Guam, como ameaçou durante as últimas semanas? Será que o Japãp consegue de proteger dos mísseis norte-coreanos?
Lançamento de míssil balístico da Coreia do Norte © REUTERS/ KCNA |
Japão blefa, quando diz poder interceptar mísseis da Coreia do Norte
Estima-se que o míssil norte-coreano tenha sobrevoado cerca de 2.700 quilômetros e que atingiu altura máxima de 550 quilômetros. O ex-comandante da Força de Defesa Aérea da Rússia, general Aleksandr Gorkov, disse ao jornal russo Vzglyad que esses parâmetros representam "um recorde para os mísseis balísticos norte-coreanos". Segundo ele, isso pode significar que Pyongyang vez grandes progressos no desenvolvimento de seus mísseis.
O ministro da Defesa do Japão, Itsunori Onodera, declarou depois do lançamento que o seu país poderia ter derrubado o míssil norte-coreano, mas não o fez porque não havia risco de queda no território japonês.
Gorkov, no entanto, afirmou que o Japão estaria blefando pois, segundo ele, é praticamente impossível derrubar esse tipo de míssil com os sistemas atualmente implantados no Japão.
Se Coreia do Norte continuar sendo provocada, mísseis podem ser disparados contra Guam
O ministro das Relações Exteriores do Japão, Taro Kono, declarou que o lançamento do míssil norte-coreano na direção leste, e não contra Guam, mais ao sul, demonstra um "recuo" de Pyongyang, após as advertências dos EUA.
De acordo com Andrei Lankov, especialista em Coreia do Norte e professor da Universidade Kookmin em Seul, isso até pode ser verdade. Segundo ele, entretanto, isso não significa que a ilha de Guam não seja mais o alvo. Ainda mais se a Coreia do Norte continuar sendo provocada.
Lankov acredita que, mesmo que não haja "ameaça imediata de guerra", o momento é "realmente muito perigoso". Os EUA poderiam considerar o lançamento de um míssil como "o início de um ataque real". Ainda mais pelo fato da Coreia do Norte ter criado a reputação de um regime imprevisível.
Mísseis primeiro, negociações depois
Segundo o especialista sul-coreano, Meng Chu-sok, o mais recente lançamento de míssil por Pyongyang demonstrou que a Coreia do Norte tem capacidade de atacar Guam. Segundo ele, a distância sobrevoada pelo míssil seria "suficiente para atingir a base dos EUA" na ilha do Pacífico.
Na opinião de Chu-sok, o lançamento também prova que Pyongyang pretende "completar a criação de um arsenal nuclear e de mísseis" para usar "como moeda" nas negociações com os Estados Unidos e seus aliados.