As ameaças dos congressistas americanos de sair do histórico Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, mais conhecido como Tratado INF, são apenas um pretexto para instalar mísseis no Oriente Médio e na Ásia, afirmou o major-general retirado russo Pavel Zolotarev.
Sputnik
As tentativas do Congresso dos EUA de impor mais sanções contra a Rússia devido a alegadas violações do Tratado INF, celebrado em 1987 para proibir que as partes possuíssem mísseis balísticos e de cruzeiro nucleares ou convencionais com alcance de 500 a 5.500 quilômetros, são apenas uma medida oportunista de descartar suas obrigações, afirmou o militar ao RT.
Porta-aviões norteámericano USS Carl Vinson © REUTERS/ Yonhap |
Nesta sexta-feira (7), o legislador republicano Ed Royce, presidente do Comitê Internacional da Câmara dos Representantes, propôs uma emenda no documento sobre a segurança nacional que possibilitasse impor mais sanções contra Moscou. De acordo com o político, a Rússia estaria violando o tratado ao instalar um novo míssil de cruzeiro, um argumento negado pela parte russa.
No mês passado, a Comissão de Forças Armadas da Câmara dos Representantes dos EUA revelou o documento que estabelece o orçamento militar no valor de US$ 696.5 bilhões, sendo que este inclui a possibilidade de ruptura do referido tratado.
O major-general russo Pavel Zolotarev, membro do Conselho para a Política Externa e Defesa, assegurou que as ameaças americanas de sair do Tratado INF coincidem com as tentativas de reforçar sua presença no Oriente Médio e na Ásia.
"Os grupos de porta-aviões americanos continuam sendo vulneráveis face à China, que possui mísseis de curto e médio alcance. Acredito que os americanos consideram instalar mísseis de baseamento terrestre, atualmente proibidos, nas ilhas japonesas. Ademais, a instalação dos mísseis no Oriente Médio permitiria 'conter' o Irã", afirmou.
O especialista resumiu que o EUA querem realmente sair do tratado, mas precisam de um pretexto para isso.
"Tal decisão ainda não foi tomada a nível oficial. É por isso que surgem projetos de lei cujo nível profissional deixa muito a desejar. As acusações contra a Rússia são um pretexto conveniente para pôr cobro a este acordo", adiantou.
"Eu duvido muito que a Rússia tenha se atrevido a violar o Tratado INF. A ausência de fatos na fala dos americanos apenas solidificam minha certeza. Ao mesmo tempo, os EUA, que eu saiba, planejam elaborar o Pershing III — ou seja, uma versão aperfeiçoada do complexo que até o ano de 1987 estava instalado perto das nossas fronteiras", advertiu.