Mossul é último grande reduto do Estado Islâmico no Iraque. Operação lançada pelo Exército iraquiano tomou controle de última rodovia de saída do leste da cidade.
Por G1
Mais de 28 mil civis fugiram da parte oeste de Mossul nos primeiros 10 dias da operação lançada pelas forças iraquianas para expulsar os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), os quais resistiam fortemente, nesta quarta-feira (1º), informa a agência de notícias France Presse.
Refugiados que deixaram Mossul chegam a uma área de deserto na fronteira com a Síria. Foto: Delil Souleiman/Arquivo/AFP |
"Temos muita fome, não comemos praticamente nada em quatro dias", relatou Widaa, uma jovem de 20 anos que conseguiu fugir da cidade sitiada.
Ela faz parte dos "28.400 habitantes do oeste de Mossul deslocados desde o início da ofensiva" em 19 de fevereiro, informou o escritório da ONU que coordena a ajuda humanitária em Mossul, em nota divulgada nesta quarta.
Esses deslocados representam apenas uma pequena parte dos quase 750 mil habitantes presentes no lado oeste da segunda cidade do Iraque e último grande reduto do EI no país, segundo as organizações humanitárias.
Em 24 de janeiro passado, as forças iraquianas anunciaram a conquista da parte leste da cidade, dividida pelo rio Tigre.
A nova etapa da batalha compreende a tomada da parte oeste, mas, à medida que as forças iraquianas avançam, os combates provocam um êxodo cada vez maior de civis.
Táticas de guerrilha urbana
Segundo as estimativas, ainda restam 2.000 extremistas no oeste de Mossul. Esses combatentes podem causar perdas importantes, recorrendo a táticas de guerrilha urbana que incluem bombas caseiras e atentados suicidas.
As balas dos atiradores de elite representam um perigo significativo em Mossul, afirmou Kathy Bequary, diretora do NYC Medics, grupo que oferece atenção médica de emergência em uma clínica móvel na periferia da cidade.
"Tratamos inúmeros ferimentos graves provocados pelos atiradores de elite", disse à AFP. "A maioria dos nossos pacientes é combatente, mas os civis também são afetados", disse Bequary.
Estado Islâmico acuado
Nesta quarta-feira, unidades do Exército do Iraque apoiadas pelos Estados Unidos tomaram controle da última grande rodovia de saída do leste de Mossul, no Iraque, que estava sob comando do Estado Islâmico, disseram um general e moradores da região, sufocando militantes do grupo jihadista em uma área cada vez menor dentro da cidade.
Forças iraquianas capturaram o lado leste de Mossul em janeiro após 100 dias de confrontos e realizaram ataque contra distritos que ficam a oeste do rio Tigre em 19 de fevereiro.
O comandante dos Estados Unidos no Iraque disse acreditar que forças apoiadas pelos EUA irão retomar Mossul e Raqqa, reduto do Estado Islâmico na Síria, dentro de seis meses.