A participação dos curdos da operação para libertar a cidade síria de Raqqa do agrupamento terrorista Daesh significa que eles obtiveram apoio estrangeiro em uma futura solução da crise síria, escreve o jornal Izvestia, citando uma fonte no Ministério das Relações Exteriores russo.
Sputnik
As forças democráticas sírias, compostas maioritariamente por curdos e tribos árabes locais, estão conduzindo uma operação de libertação de Raqqa com o apoio por parte da coalizão ocidental encabeçada pelos EUA.
Militares curdos © AFP 2017/ Marwan Ibrahim |
"As aspirações dos curdos em relação a Raqqa e o alargamento dos territórios por eles controlados para além do próprio Curdistão é uma evidência de influência externa", diz o Izvestia.
"Os curdos não têm necessidade militar de conquistar Raqqa. Eles se interessam, em primeiro lugar, pelos territórios dentro das fronteiras do Curdistão. O seu avanço significa que lhes foi garantida a possibilidade de defender seus direitos no futuro arranjo [da crise síria]", comunicou à edição uma fonte da chancelaria russa.
Em opinião do vice-presidente do Comitê Internacional do Conselho da Federação (Senado russo), Aleksei Klimov, o apoio dado aos curdos pelos americanos pode ameaçar a integridade territorial da Síria.
"Os EUA estão jogando a carta curda com sucesso. Washington está reforçando suas posições lá. E, nesta situação, há o perigo de que na agenda surja a questão da divisão da Síria em vários assim chamados Estados soberanos, pois apostar em um grupo étnico só pode acarretar consequências negativas", afirmou o senador.
Raqqa se localiza no Norte da Síria (150 km a leste de Aleppo), à beira do rio Eufrates, tendo por volta de 300 mil habitantes. A cidade foi conquistada pelos militantes em 2013.
As tropas governamentais têm tentado arrebatar o povoado dos terroristas, mas sem sucesso. Em 2014, o exército sírio perdeu controle de toda a província.