Testes bem-sucedidos do míssil americano-japonês Standard SM3 Block IIA, lançado há poucos dias do contratorpedeiro norte-americano USS John Paul Jones representam um novo sinal para a Rússia e China de que seus planos de reforço do potencial nuclear não podem ser interrompidos.
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Entretanto, quaisquer iniciativas para redução do potencial nuclear são perigosas, porque a falta de capacidade militar ofensiva conjugada com um sistema da defesa antimíssil norte-americano avançado pode gerar uma tentação por parte de Washington de realizar um ataque preventivo incapacitante, acrescenta à Sputnik China o analista militar Vasily Kashin.
Lançamento do míssil SM-3 © AFP 2016/ Marinha dos EUA |
"Segundo informações da mídia norte-americana, o SM3 Block IIA, ao contrário das anteriores modificações do míssil SM3, vão ter capacidade para eliminar não só mísseis de médio alcance, mas também mísseis balísticos intercontinentais", acrescentou Vasily Kashin.
Segundo ele comunicou, a Rússia já tinha tomado medidas atempadas para a contenção dos sistemas antimísseis dos EUA. Devido à vastidão do território da Rússia, os EUA e seus aliados na Ásia não podem atingir os mísseis balísticos russos durante seu lançamento, o arsenal militar russo é também um fator positivo. Mas para a China a situação é muito mais complicada, porque a maioria do seu arsenal consiste de mísseis balísticos de médio alcance, que são vulneráveis aos sistemas antimísseis, informou Kashin.
"Tendo em conta o reforço das capacidades antimísseis dos EUA e da sua aproximação às fronteiras chinesas, o arsenal chinês poderá se tornar muito limitado para garantir a realização de um ataque de resposta", adiantou o analista Kashin, acrescentando que é importante que a China considere a instalação do sistema THAAD nos territórios da Coreia do Sul e do Japão.
Entretanto, o analista acredita que as tentativas de justificar o desenvolvimento dos sistemas antimísseis americano-japoneses com ameaças por parte da Coreia do Norte ou do Irã são ridículas, porque o Irã não tem nem armas nucleares nem mísseis balísticos, enquanto a Coreia do Norte terá no futuro um arsenal muito limitado de mísseis intercontinentais pouco desenvolvidos.
"Os objetivos principais do desenvolvimento de sistemas antimísseis é a obtenção de vantagens perante a Rússia e, o que é mais importante, de supremacia em armas nucleares perante a China", afirmou Kashin à Sputnik China.
Entretanto, a China tem estado nos últimos anos reforçando ativamente as capacidades de seus mísseis.
"A instalação de mísseis DF-41 e os testes dos mísseis DF-5C com 10 ogivas é um indicador de que a China é capaz de assegurar um rápido crescimento das suas capacidades ofensivas", adianta o analista russo.
O analista acha possível que as capacidades ofensivas da China cresçam mais rapidamente do que sejam desenvolvidos os sistemas antimísseis dos EUA destinados a conter a China. Assim, nenhuma das partes obterá, segundo ele, uma vantagem decisiva, mas a segurança global irá sofrer com isso.