Tanto tropas americanas como britânicas estão programadas para participar de um grande exercício na região polar da Noruega na próxima primavera. Até os especialistas noruegueses admitem que as maiores manobras jamais realizadas na província norueguesa de Finnmark, em vizinhança próxima da Rússia, serão vistas pelos russos como uma provocação.
Sputnik
O exercício Joint Viking, no qual à Brigada Norueguesa Norte se irão juntar tropas dos EUA e do Reino Unido, deverá começar no início de março, totalizando mais de 10.000 homens juntamente com aeronaves, helicópteros, tanques e navios de guerra. Mais notavelmente, é esperado que este se torne o maior exercício jamais realizado no extremo norte, superando o anterior exercício conjunto de inverno em Finnmark, que foi realizado dois anos atrás com 8.000 efetivos, e que por sua vez foi o maior do seu gênero desde 1967.
Tropas do Reino Unido na Noruega © flickr.com/ Defence Images
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"Usando Finnmark como teatro de operações nos permite praticar o deslocamento de unidades das bases do sul da Noruega e de Tromso para norte, isso também fornece boas condições de treinamento para artilharia de precisão", disse o porta-voz do Exército norueguês, tenente-coronel Ivar Moen, à emissora de rádio NRK.
Segundo ele, o exercício foi anunciado com antecedência e está prestes a ocorrer a alguma distância da fronteira russa (principalmente nos municípios de Alta, Porsanger e Karasjok perto da fronteira norueguesa-finlandesa), razão pela qual não há motivo para que alguém se sinta provocado.
Entretanto, a pesquisadora sênior Julie Wilhelmsen do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais (NUPI) afirmou que o exercício seria mesmo assim percebido como uma provocação e uma manifestação de força da OTAN pelos russos. Além disso, os exercícios em larga escala da OTAN em áreas fronteiriças do extremo norte podem incitar uma resposta simétrica do lado russo.
"É provável que tal exercício leve a uma reação russa, estimulando os russos a fazer algo semelhante no seu lado da fronteira", argumentou Wilhelmsen, citando um exercício russo de 2015 que foi realizado na região de Murmansk em resposta às anteriores manobras Joint Viking em Finnmark adjacente à Rússia.
A edição deste ano da Joint Viking incluirá forças da Marinha, Exército e Força Aérea, bem como 750 participantes estrangeiros.
"As forças estrangeiras não irão operar de forma independente, mas serão integradas nas unidades norueguesas", disse Ivar Moen à NRK.
Os EUA contribuirão com uma notável unidade de Marines que está prestes a ser estacionada na base aérea de Varnes, cuja implantação desencadeou um acalorado debate tanto na Noruega quanto na Rússia.
"O estacionamento de cerca de 330 militares em Varnes não ajudará de forma nenhuma a melhorar a segurança no norte da Europa", disse o adido de imprensa da Embaixada da Rússia na Noruega, Maksim Gurov, em um e-mail enviado à NRK. Segundo ele, a política de evitar tropas estrangeiras em solo norueguês sempre foi vantajosa para a Noruega, mesmo na época da Guerra Fria.
Na Noruega, o plano de delegar parcialmente a defesa nacional nos fuzileiros navais dos EUA foi criticado por "renunciar à responsabilidade pela segurança da Noruega". Em Varnes, a companhia de Marines dos EUA será reforçada com pessoal de logística e médico, bem como artilharia própria e tanques.
De acordo com as Forças Armadas norueguesas, o propósito do exercício é de aprimorar a preparação dos militares para o inverno e, simultaneamente, resolver tarefas militares. Outra característica notável é que o Joint Viking do próximo ano não será, ao contrário de suas edições anteriores, focado na interação durante operações de manutenção da paz.