O presidente norte-americano, Barack Obama, reconheceu nesta terça-feira (6) que o combate ao terrorismo no Oriente Médio pode levar várias gerações, mas não ameaça a existência dos EUA. Ele também prometeu não aceitar quaisquer práticas de tortura, onde quer que seja, mesmo que se trate de investigações da inteligência.
Sputnik
O líder norte-americano discursou perante os militares na cidade de Tampa (estado da Flórida). A intervenção do presidente foi transmitida no site oficial da Casa Branca.
Barack Obama |
Este foi seu último grande discurso sobre a segurança nacional na qualidade de chefe do Estado. Obama deixa o cargo em 20 de janeiro de 2017 para que o novo presidente eleito em novembro, o republicano Donald Trump, assuma o poder.
Por ser um "discurso final", foi, por tradição, um discurso de balanço histórico. Em particular, o presidente mencionou os sucessos que, segundo o governo, os EUA conseguiram alcançar no Afeganistão e no Iraque nos anos do seu mandato.
A luta contra o extremismo será demorada
Ao mesmo tempo, Obama reconheceu que o país precisará de muito tempo para ter sucesso o combate ao extremismo no Oriente Médio.
"Dizer que estamos observando pregressos não é a mesma coisa que dizer que o trabalho [de combate ao terrorismo] já está terminado. Sabemos que a ameaça mortal permanece, sabemos que o extremismo violento, em alguma forma, ficará conosco durante muitos anos", frisou, adiantando que em muitas partes do mundo, especialmente no Oriente Médio, "caiu a ordem que tinha existido ao longo de muitos anos".
Entre os fatores negativos, Obama enumerou "os profetas falsos que distorcem o Islã", inclusive na Síria. Ao falar dos desafios internos, o presidente falou de "terroristas solidários que se radicalizam através da Internet". Porém, o chefe de Estado afirmou que o terrorismo não representa uma ameaça para os EUA.
"Os terroristas de hoje podem matar pessoas inocentes, mas não são uma ameaça à existência do país, pois não se deve cometer um erro e exagerar [suas capacidades] como eles próprios fazem", frisou.
O presidente também se manifestou a favor de usar drones na luta contra o terrorismo.
As torturas não ajudam, Guantánamo é para fechar
Ao abordar a questão da tortura na luta contra o terrorismo, Obama ressaltou que esta é inadmissível.
"Continuamos sendo uma nação que venera suas tradições, protege a lei e seus valores. Somos contra a o recurso à tortura em toda a parte, sempre. Isto inclui também a tortura como tática dos serviços secretos, ninguém me fará agir ou pensar de outro modo", destacou.
O chefe da atual administração também reiterou que é necessário fechar a prisão militar de Guantánamo, onde são mantidos os suspeitos de terrorismo.
"Desperdiçamos centenas de milhões de dólares para manter lá menos de 60 pessoas. Não é uma postura forte. Até que o Congresso mude essa postura, será julgado pela história. Eu continuarei a fazer todo o possível para limpar o sangue das mãos do povo norte-americano", disse o atual presidente.
Obama fez lembrar que, ao longo do seu mandato, o número de prisioneiros em Guantánamo se reduziu de 242 para 59. O presidente também insistiu em fechar a prisão, dizendo que tal não é apenas a sua opinião, mas também de muitos altos oficiais.
O que é na verdade inovador é Obama ter comunicado que mandou determinar os fundamentos jurídicos para que os EUA tomem parte de campanhas militares fora do país.
"Ontem [na segunda-feira (5)] eu pedi para o nosso governo para, pela primeira vez, publicar uma lista completa dos princípios jurídicos e comuns que regulam a realização de nossas operações militares em todo o mundo", partilhou.
Daeh surgiu devido aos erros dos EUA no Iraque
"Quando estávamos tomando a decisão sobre a retaliação [às ações do Daesh], nos recusamos a repetir vários erros cometidos durante a invasão do Iraque em 2003 que ajudaram uma organização, que posteriormente virou o Daesh, a se tornar mais forte", confessou o presidente democrata.
Ele frisou que, desde 2014, a ênfase tem sido colocada na ajuda ao "governo da unidade nacional" iraquiano, sendo ele que em primeiro lugar trava a luta contra o Daesh.
"Após isso, começamos a luta na Síria e no Iraque, mas desta vez não com a ajuda de batalhões norte-americanos, mas por meio de unidades locais que nós apoiamos com equipamentos, conselheiros e forças especiais", explicou.