Representante permanente da Rússia na ONU, Vitáli Tchúrkin, falou nesta quarta-feira (14) sobre retomada de Aleppo.
Nikolai Litôvkin | Gazeta Russa
O governo recuperou o poder sobre os últimos bairros do leste de Aleppo, declarou o representante permanente da Rússia na ONU, Vitáli Tchúrkin, nesta quarta-feira (14).
Fim de conflitos não está próximo, segundo Tchúrkin. Foto:Reuters |
Mas o diplomata disse que é cedo para se falar em um fim para a fase ativa dos combates no país.
"Dizer que o conflito sírio está próximo de um fim seria um exagero. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas seria bom que esse caminho retomasse as resoluções de dezembro do ano passado, com a redação de uma nova Constituição na Síria e a realização de eleições sob controle internacional", disse Tchúrkin.
Segundo o representante russo na ONU, depois disso será necessário começar uma colossal tarefa de reconstruir o país, assolado por seis anos de guerra civil.
Passos políticos
Depois da liberação de Aleppo, a Rússia tentará colocar todos os representantes da oposição moderada para negociar e iniciar uma nova rodada de negociações internas na Síria.
"O exército sírio tomou o controle da capital, antes sob a oposição armada. Agora temos razões para esperar uma nova rodada no processo de resolução pacífica com as forças dispostas a manter diálogo e a tomar decisões", disse à Gazeta Russa o coronel de reserva e observador militar Mikhaíl Khodoriônok.
Ações do exército
Mais de cem sapadores russos começaram a desminar a cidade, disse à Gazeta Russa o o analista militar do jornal Izvêstia, Aleksêi Ramm.
O Ministério da Defesa russo também estaria se encarregando de oferecer assistência humanitária aos feridos da cidade e de prover material de primeira necessidade, como alimentos, roupa e medicamentos.
"Agora, o mais importante é manter a cidade sob controle e estabelecer um regime muito restrito. Não podemos permitir que grupos terroristas voltem a se formar", diz Ramm.
Para ele, as posições do exército sírio nos subúrbios de Aleppo poderiam receber reforços.
Novos palcos de operações militares
Depois de Aleppo, o comando das Forças Aeroespaciais da Rússia começou a se preparar para a libertação de outra cidade importante: Deir ez-Zor.
"Todos os planos táticos estão mudando, e a chefia decidirá como a operação se desenrolará para a libertação dessa região. Não se pode chegar a Deir ez-Zor sem se libertar Palmira, já que 4000 guerrilheiros do EI atacariam nossa retaguarda", diz Ramm.
De acordo com ele, com a queda de Palmira, a base aérea a oeste da cidade também caiu nas mãos de terroristas.
"Para que a operação em Deir ez-Zor saia-se bem, as tropas precisam manter Aleppo e Palmira sob seu poder. Só então se poderá cercar os guerrilheiros do Estado Islâmico e assegurar retaguardas e expulsar os terroristas da cidade", acrescenta Ramm.
Cooperação com EUA
De acordo com o diretor-adjunto do Instituto dos EUA e Canadá da Academia Russa de Ciências, o general-major de reserva Pável Zolotariov, é mais provável que o posto de secretário da Defesa dos EUA seja dado ao ex-comandante da operação norte-americana no Afeganistão, Jamis Mattis, que deverá colaborar com o Ministério da Defesa da Federação da Rússia no desenvolvimento da operação na Síria.
"Ele é um homem prático e com boa experiência militar, que deverá reorganizar o trabalho da coalizão ocidental na Síria. Acredito que haverá uma maior cooperação militar, e não só reverências políticas entre aliados e inimigos", diz Zolotariov.