Acordo para cessar-fogo entre Rússia e Turquia havia sido assinado nesta semana. Guerra tem quase seis anos de duração.
Reuters
Um cessar-fogo na Síria de âmbito nacional mediado por Rússia e Turquia, que apoiam lados opostos do conflito, aparentemente estava sendo mantido no início desta sexta-feira (30) após um início turbulento durante a noite, na mais recente tentativa de se acabar com uma guerra de quase seis anos de duração.
Ao fim de cinco anos os sírios querem a paz, mas grupos armados estão longe do entendimento. Foto: DR |
O presidente russo, Vladimir Putin, aliado-chave do presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou o cessar-fogo na quinta-feira após fechar um acordo com a Turquia, um apoiador de longa data da oposição.
Monitores e uma autoridade rebelde relataram a ocorrência de confrontos entre insurgentes e forças do governo quase imediatamente após a entrada em vigor da trégua, à meia-noite do horário local (20h no horário de Brasília). Horas depois, no entanto, a calma prevalecia nas áreas incluídas no cessar-fogo, segundo eles.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que os Estados Unidos podem entrar no processo de paz depois que o presidente eleito Donald Trump tomar posse, em 20 de janeiro. Ele também disse querer a participação de Egito, Arábia Saudita, Catar, Iraque, Jordânia e da ONU.
Diversos grupos rebeldes assinaram o acordo, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.
Guerra na Síria
Mais de 290 mil pessoas morreram na guerra civil que começou há 6 anos. Os EUA apoiam os rebeldes moderados e curdos que lutam na Síria, além de liderar a coalização internacional que bombardeia alvos do Estado Islâmico no país. Já a Rússia apoia o Exército do presidente Bashar al-Assad.
Uma trégua anunciada em fevereiro entre os inimigos da Guerra Fria entrou em colapso e diálogos de paz ruíram, com o governo sírio e a oposição fazendo acusações mútuas de violações. Os confrontos têm crescido desde então no país, particularmente na cidade dividida de Aleppo, onde os avanços de ambos os lados cortaram suprimentos, energia e água para cerca de 2 milhões de moradores de áreas pró-governo e favoráveis aos rebeldes.
A cidade está dividida em duas desde julho de 2012: a leste ficam os bairros rebeldes e a oeste os bairros controlados pelo regime. Os bombardeios de aviões do regime sírio e de seus aliados russos são lançados diariamente. O regime é acusado pela Defesa Civil da Síria, uma organização de agentes de resgate que opera em áreas controladas por rebeldes, por lançar bombas-barril contendo gás cloro em Aleppo.
Em agosto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou sobre o que chamou de uma “catástrofe humanitária” sem precedentes em Aleppo.