A agência Sputnik Árabe visitou a linha da frente em Aleppo onde se encontrou com militares do Exército Árabe da Síria.
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Apesar do visual severo de combatente, Abu Naser não pode conter suas emoções. Ele tem mulher e dois filhos, a quem ele visita apenas uma vez em cada três dias. Antes de aderir às fileiras do Exército Sírio ele trabalhava como funcionário público. Abu espera que a guerra termine o mais cedo possível e ele regresse ao lar familiar e ao trabalho civil.
Soldados do Exército Árabe Sírio © Sputnik/ Sputnik Árabe
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"Eu fui combater após minha casa em Homs ter sido sujeita a bombardeamentos", diz Abu Naser. "Houve dezenas de mortos, feridos, partes de corpo espalhadas por toda a parte", adianta.
Outro soldado que se chama Basil lida perfeitamente com o foguete lançador de granada RPG-7, porém na vida anterior à guerra ele era um simples finalista da Faculdade de Direito na cidade de Deir ez-Zor. Já faz 4 anos que Basil não vê sua família. Seus familiares estão vivendo na parte invadida da cidade e é quase impossível se encontrarem.
"Eu fico olhando para sua fotografia e isso me conforta. Eu gostaria de combater na minha terra natal para estar perto dos meus familiares", confessa Basil.
Enquanto os soldados contam suas histórias, se ouvem detonações de bombas e o matraquear de metralhadoras, mas os militares não prestam atenção a isso. Segundo dizem os soldados, o que na verdade aterroriza não é isso, mas ver os habitantes locais mudarem para o lado dos radicais. Neste caso, o traidor passa tudo que observa aos terroristas e depois dá uma facada nas costas — e isso é verdadeiramente terrível.
Enquanto a Sputnik Árabe entrevistava um dos soldados, um aparelho de radiotelegrafia portátil comunicou a localização de uma pessoa que era necessário revistar e deter. Houve uma comunicação que terroristas estavam tentando atravessar a linha da frente disfarçados de habitantes locais.
Segundo diz Abu Mahmud, todos os dias os radicais fazem tentativas de se infiltrarem entre a população civil e penetrarem no território controlado pelo Exército. Quanto aos soldados, a cada dia eles correm o risco de morte, já que na linha da frente há inúmeros perigos.
A Sputnik ouviu mais uma história do soldado Abu Abdulla. Os terroristas mataram seu filho de 17 anos em Homs por o pai dele ser "traidor" e não ter aderido às fileiras dos radicais.
Abu Abdulla sorri com ar triste:
"Eu amo minha Pátria e não quero que as destruições continuem. Eu quero libertar meu país de terroristas, quero uma vida em paz e que todos voltem a suas casas."
Um voluntário, Khalid, disse à Sputnik que ele é nativo da província de Raqqa. Logo após ter conseguido escapar aos radicais do Daesh, ele se alistou no Exército sírio.
"Minha família está morando no território ocupado pelo Daesh. Logo após ter conseguido escapar, fui para o Exército sírio. Os terroristas nos ameaçam com decapitações e outras represálias. Mas nossa vontade é maior. Venceremos", concluiu.