Vídeo divulgado pelo Exército russo apresenta os últimos dias de treinamento dos caças MiG-29K/KUB e Su-33 a bordo do porta-aviões Almirante Kuznetsov, no mar Mediterrâneo. Apesar de seguir rumo à Síria, introdução de grupo aéreo não terá grande efeito sobre o conflito, segundo especialista militar russo, já que ofensiva está sendo conduzida pelas tropas terrestres do governo sírio em Aleppo, Raqqa e Mosul.
De Nikolai Litôvkin | Gazeta Russa
O canal de televisão Zvezda divulgou esta semana imagens dos exercícios de caças Su-33 e MiG-29KUB estacionados no porta-aviões russo Almirante Kuznetsov. O vídeo foi feito no mar Mediterrâneo enquanto o navio se aproximava da costa síria, onde participará da campanha militar de Moscou.
Caças Sukhoi Su-33 no porta-aviões Admiral Kuznetsov |
“O envio do Almirante à Síria serve para testar as capacidades e as possibilidades operacionais e técnicas do nosso grupo de ataque aéreo, uma vez que a Rússia nunca usou o porta-aviões em condições reais de combate”, afirma Víktor Murakhovski, editor-chefe da revista “Arsenal Otetchestva” (Arsenal da Pátria).
Existem atualmente 15 caças Su-33 e MiG-29K/KUB a bordo do porta-aviões, bem como mais de 10 helicópteros Ka-52K, Ka-27 e Ka-31.
O principal objetivo do grupo será garantir a defesa da força aérea da Rússia e apoio às forças governamentais sírias durante o combate contra militantes.
“As possibilidades do grupo aéreo em relação a alvos terrestres são limitadas, não haverá uma guinada na guerra contra os militantes, o papel principal no confronto contra terroristas está sendo desempenhado pelas forças terrestres do [presidente sírio Bashar al] Assad em Aleppo, Raqqa e Mosul”, diz Murakhovski.
A unidade aérea é formada pelo porta-aviões Almirante Kuznetsov, pelo cruzador de mísseis de propulsão nuclear Piotr Velikii (Pedro, o Grande), e por navios de apoio e antissubmarinos Severomorsk e Vice-almirante Kulakov.
Nova arma do Almirante
Apesar da natureza planejada da missão do grupo de porta-aviões, os veículos de combate se preparam para testar, pela primeira vez, novas armas russas na Síria.
Os helicópteros de combate Ka-52K do Almirante Kuznetsov irão, por exemplo, testar os mísseis guiados antitanque de longa distância Guermés.
Graças à nova arma, esses helicópteros serão capazes de destruir tanques inimigos, reforços e tropas a uma distância de até 30 quilômetros, enquanto sistemas russos e estrangeiros equivalentes (como Atak e Vikhr) atingem, no máximo, 10 quilômetros.
Segundo Víktor Litovkin, especialista militar da agência TASS, os Guermés serão usados contra estruturas inimigas de proteção máxima, como empresas de armas e explosivos improvisados, além de postos de comando e trincheiras temporárias.
“Após seu uso em combate, será tomada a decisão de enviar os mísseis de volta à fábrica para aperfeiçoamento ou adotá-los como armas oficiais”, diz Litovkin.
Caças em ação
Segundo o editor-chefe da revista “Vzliot” (Decolar), Andrêi Fomin, os MiGs usados na operação estão entre os mais modernos caças em série de geração 4++.
“Apesar de sua aparência externa lembrar a versão terrestre do MiG-29, é um veículo completamente diferente”, diz Fomin.
“A diferença está em sua tecnologia furtiva, no novo sistema de reabastecimento de ar, na asa dobrável e em sua mecanização, graças à qual o modelo pode decolar com uma distância menor e pousar em menor velocidade”, acrescenta.
Trata-se, assim, de uma máquina multifacetada pra reforçar a defesa aérea de forças navais, bem como atingir alvos terrestres e de superfície com armas guiadas de alta precisão durante o dia e à noite e sob quaisquer condições atmosféricas.
Já o caça-interceptor Su-33, foi criado como um avião para dominação do espaço aéreo.
Durante a campanha síria, os Su-33s portarão bombas de queda livre com seu novo sistema de ajuste de disparo, enquanto o MiG-29K/KUB será equipado com bombas ajustáveis e mísseis, mirando alvos com ajuda do sistema Glonass.
Nenhum dos caças que participaram dos voos de treinamento portavam armas.