Local era uma das últimas posições do Estado Islâmico.
Tomada fazia parte dos objetivos curdos na ofensa iraquiana.
France Presse
As forças curdas iraquianas tomaram nesta terça-feira (8) o controle de Bashiqa, uma das últimas posições do grupo Estado Islâmico (EI) a leste de Mossul, alvo da grande ofensiva lançada no dia 17 de outubro.
Tropas peshmergas |
A reconquista de Bashiqa, após violentos combates, aumenta a pressão sobre os milhares de extremistas que defendem Mossul, o reduto do EI no norte do Iraque, em direção ao qual as forças iraquianas convergem por leste, norte e sul.
Quatrocentos quilômetros a oeste de Mossul, em território da Síria, as tropas curdo-árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS) continuavam avançando em direção a Raqa, a outra grande cidade controlada pelo EI.
As duas ofensivas são apoiadas pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
O presidente americano Barack Obama espera obter um êxito militar antes de deixar a Casa Branca, em janeiro.
A tomada de Bashiqa, situada a 12 km de Mossul, era um dos objetivos fixados pelos combatentes curdos na ofensiva iraquiana.
Os peshmergas ("os que enfrentam a morte", em curdo) lançaram o ataque final na véspera, após 15 dias de cerco.
Bashiqa está sob "controle total" dos combatentes curdos, anunciou Jabbar Yawar, secretário-geral do ministério regional curdo responsável das forças de segurança.
"Nossas forças estão rastreando a cidade e limpando-a de minas", disse Yawar em uma conversa telefônica com a AFP.
Estas operações são muito perigosas, já que os extremistas costumam lançar ataques suicidas quando se encontram encurralados e espalham minas nas casas.
"Durante a manhã, um grupo de terroristas entrincheirados em casas tentaram fugir" e "13 deles morreram", explicou Yawar.
Uma jornalista da AFP informou da periferia de Bashiqa sobre combates esporádicos e bombardeios.
Peshmergas disseram que ainda havia extremistas e atiradores de elite e estimaram que 5% do terreno está em poder do EI.
Pelo menos 25 cadáveres em fossa comum
Em Mossul, as forças de elite iraquianas seguiam avançando lentamente em direção ao centro da cidade e à margem leste do rio Tigre, que atravessa a cidade.
Na frente sul, o exército iraquiano avançava ao longo da margem oeste do Tigre depois de ter ocupado na véspera a cidade de Hamam al Alil, a 15 km dos subúrbios de Mossul.
Ali, as autoridades encontraram, na segunda-feira, uma fossa.
"Há cerca de 25 corpos visíveis, mais isso não implica que não haja mais. Achamos que há uma grande quantidade de cadáveres", afirmou Mohamed Taher al Tamimi, que lidera a investigação.
Um morador habitante disse que o EI fez execuções em massas no local.
O avanço das tropas foi facilitado na segunda-feira pelo envolvimento de helicópteros Apache do exército americano que voam em baixa altitude e destroem os carros-bomba do EI, indicou o porta-voz do Pentágono, Peter Cook.
O número de deslocados pelos combates segue aumentando de forma progressiva. Na segunda-feira o número chegou a 34.000, indicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Civis fogem de Raqa
Na Síria, o caminho em direção a Raqa é aberto pouco a pouco para as FDS, majoritariamente curdas, mas que também incluem árabes e turcomanos.
As tropas das FDS avançam a partir do norte sem dificuldade em um território desértico e pouco populoso.
"Outras duas localidades foram libertadas" na segunda-feira, disse à AFP Jihan Cheij Ahmad, a porta-voz da ofensiva batizada de "Revolta do Eufrates".
A "Revolta de Eufrates" tem por objetivo em um primeiro momento isolar Raqa, uma cidade que antes do início da guerra, em 2011, contava com 240.000 habitantes.
Situada às margens do rio Eufrates, não muito distante da fronteira com a Turquia, Raqa foi, em março de 2013, a primeira capital provincial a cair nas mãos da rebelião armada contrária ao presidente sírio Bashar al-Assad.
No início de 2014, o Estado Islâmico expulsou da cidade os outros grupos rebeldes e tomou o controle do local.
Os líderes da ofensiva e os especialistas preveem uma longa batalha em Raqa.
"O EI defenderá seu reduto, já que sabe que a perda de Raqa representa seu fim na Síria", disse o porta-voz das FDS, Tala Sello.
Os Estados Unidos, por sua vez, se mostram prudentes sobre as próximas etapas, já que Raqa é uma fonte de tensão com a Turquia, que deseja participar da tomada desta cidade de maioria árabe sunita.
A Turquia teme que, mediante o controle de Raqa, as milícias curdas reforcem sua presença no norte da Síria, região fronteiriça com a zona curda da Turquia, onde o exército turco reprime a rebelião do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).