Em uma entrevista exclusiva à Sputnik, o vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, Konstantin Sivkov, fala de um novo sistema de mísseis ucraniano e revela as razões para a Arábia Saudita ter apoiado e financiado o projeto.
Sputnik
A agência de notícias ucraniana Apostrof informou seus leitores sobre o novo sistema de mísseis tático-operacionais Grom (Trovoada, em russo) que permitirá à Ucrânia nada menos que manter a Rússia na mira. Os militares ucranianos planejam testar o sistema Grom já em dezembro deste ano.
Mísseis russos Iskander © flickr.com/ Times Asi
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Apostrof informa que o aparecimento do novo sistema de mísseis vai mudar a relação de forças entre a Ucrânia e a Rússia. Tais discussões provocam perplexidade entre os especialistas russos, já que a Rússia e a Ucrânia não estão em guerra. Mais do que isso, entre a fronteira ucraniana e Moscou são mais de 500 quilômetros em linha reta, enquanto os mísseis balísticos de baseamento terrestre e misseis de cruzeiro de curto e médio alcance (com alcance de mais de 500 quilômetros) são proibidos na Europa. O respectivo documento se estende também à Ucrânia, sendo que a violação do tratado pode levar a graves consequências de caráter internacional.
Entretanto, a Sputnik Japão decidiu falar com especialistas militares e saber mais sobre as armas que em breve podem aparecer na Ucrânia.
O conhecido analista militar e político e vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, Konstantin Sivkov, se mostrou bastante cético quanto ao assunto.
"Não acho que os especialistas ucranianos possam criar alguma arma nova superpotente, tanto mais que nem os norte-americanos a têm. O desenvolvimento de uma arma altamente moderna é uma questão muito complexa em todos os sentidos. Mais do que isso, a Ucrânia ainda não chegou a criar nada de novo mesmo no domínio de veículos blindados", sublinhou.
Entretanto, um país acabou por manifestar seu interesse no novo equipamento ucraniano: a Arábia Saudita já o encomendou e se encarregou de todo o financiamento (40 milhões de dólares).
Os especialistas estão perplexos: para que um reino equipado com armas modernas norte-americanas e mísseis balísticos chineses de médio alcance Dongfeng (até 2800 quilômetros), precisaria dos produtos da usina química de Pavlograd? A usina é conhecida na Ucrânia apenas por produzir explosivos, carburante sólido e vender por atacado pedra britada.
Os peritos supõem que talvez o projeto Grom não seja uma encomenda de Riad, mas um apoio militar a Kiev por parte de um terceiro país para uma confrontação posterior com Moscou e a execução da variante ucraniana do "ataque global". O acadêmico Konstantin Sivkov partilha esta opinião:
"A questão é que hoje a Rússia está reduzindo de modo abrupto e drástico as capacidades da Arábia Saudita para estabelecer seu controle sobre todo o Oriente Médio. Provavelmente, esta será a razão para tentar "pregar uma peça" na Rússia. Porém, os sauditas nunca agem diretamente, ou seja, estão dispostos a prestar apoio financeiro. Os sauditas têm grandes recursos financeiros e sempre querem investi-los em algo. Pode ser que isto seja uma forma disfarçada de tentar penetrar na Ucrânia", concluiu.
Por mais estranho que seja, o novo sistema de mísseis tático-operacionais Grom terá de passar por inúmeros testes antes de ser produzido em série. No passado, a Ucrânia nunca desenvolveu nem produziu este tipo de armamentos. É por isso que ainda não se sabe se este financiamento saudita valerá a pena.