Grupo de blindados pesados chegará a porto alemão em janeiro de 2017, antes de unidades rodarem por diversos pontos do continente europeu. Objetivo da iniciativa é, segundo especialistas russos, tranquilizar membros da aliança no Leste Europeu.
Mikhail Khodarenok | Gazeta.ru
Os Estados Unidos enviarão a primeira brigada blindada pesada à Europa em janeiro de 2017, conforme anunciou o comandante do Exército norte-americano na Europa, tenente-general Ben Hodges, em entrevista à publicação semanal “Defense News”.
Tanques norte-americanos durante manobras da Otan em Adazi, na Letônia Foto:Reuters |
Segundo a declaração, feita durante a conferencia anual da Associação do Exército dos Estados Unidos, o reforço militar na região tem por objetivo tranquilizar aliados e deter uma eventual postura agressiva da Rússia.
A 3ª Brigada da 4ª Divisão de Fort Carson, do Colorado, começará a embarcar nas próximas semanas. A chegada ao porto de Bremerhaven, na Alemanha, está prevista para meados de janeiro, informou o general.
Antes da viagem, a equipe realizará um teste de prontidão para verificar o quão rápido conseguiriam atracar os navios no porto alemão e chegar ao oeste da Polônia.
O general prevê que, em virtude das condições climáticas de inverno, a 3ª Brigada chegará à zona de treinamento perto da cidade polonesa de Drawsko Pomorskie em aproximadamente três semanas.
Uma segunda brigada de blindados pesados, programada para setembro de 2017, irá “provavelmente navegar por vários portos europeus para testar a sua capacidade de atracação e organização em outro ponto designado”, acrescentou Hodges.
Para deter a Rússia...
Na chegada ao local de treinamento, a brigada blindada irá checar suas armas e equipamentos, testar comunicações e camuflagem, carregar as munições e implantá-las em suas áreas de responsabilidade para se preparar para ações de combate.
Todas as atividades anteriormente descritas farão parte da chamada Resolução do Atlântico, segundo o general, com o objetivo de apoiar os aliados dos EUA na Europa e dissuadir a Rússia por meio da demonstração de poderio militar.
Para demonstrar a capacidade de combatente tanto no norte como no sul do continente, um batalhão seguirá à região do Báltico, e outro, para Romênia e Bulgária.
“A maior parte da equipe de combate permanecerá, porém, na Polônia, onde existem condições aceitáveis para acomodar as tropas.”
Segundo Víktor Murakhóvski, editor-chefe da revista “Arsenal Otetchestva” (Arsenal da Pátria), uma vez que as Forças Armadas dos EUA não dispõem de divisões permanentes, “é difícil precisar exatamente as características dessas brigadas em termos de número e capacidade de combate”.
Se não houver reforços relevantes, o especialista acredita que os batalhões do Exército norte-americano na Europa Oriental não apresentarão uma força ameaçadora, tornando-se, assim, uma iniciativa mais política do que operacional-estratégica.
“Sem dúvida, isso está sendo feito para elevar o moral dos aliados dos Estados Unidos no Leste Europeu”, sugere Murakhóvski.
... e tranquilizar aliados
A expectativa é que as formações e unidades norte-americanas participem das manobras militares anuais da Otan no continente europeu, embora os próximos exercícios da aliança na Polônia (“Anakonda”) serão conduzidos apenas em 2018.
Antes disso, as unidades de brigada blindada dos EUA atuarão nas manobras “Saber Guardian”, que acontecerá nos territórios da Bulgária e da Romênia em julho de 2017 e envolverá cerca de 30 mil militares de mais de 20 Estados-membros da Otan.
“É evidente que a implantação de unidades militares dos EUA na Europa é um fator tranquilizante para o leste do continente, que vem se sentindo atormentado por uma hipotética ameaça militar da Rússia”, explica Víktor Khramtchikhin, vice-chefe do Instituto de Análise Política e Militar, com sede em Moscou.
Segundo o analista, os batalhões que serão futuramente implantados na região não poderiam garantir total defesa do flanco oriental da Otan, mas atuam no psicológico dos líderes do Leste Europeu.
“Os novos membros da Otan sentem-se particularmente encorajados com o fato de que, em caso de guerra, os soldados norte-americanos estariam na linha de frente e, por isso, assumiriam a ação militar”, arremata.