Seis corredores humanitários vão permitir saída de feridos e doentes.
Família morreu em ataques na segunda-feira, segundo ONG.
France Presse
As Forças Aéreas da Rússia e da Síria interromperam os bombardeios contra a cidade síria de Aleppo nesta terça-feira a partir das 7h GMT (5h de Brasília), anunciou o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu.
Aleppo, Síria |
Ele disse que a medida "é necessária para a aplicação de uma trégua humanitária" com o objetivo de que os civis possam sair da cidade na quinta-feira (20).
De acordo com Shoigu, que teve o discurso exibido pela televisão, "isto permitirá a saída totalmente segura, por seis corredores humanitários, de civis e a retirada de doentes e feridos da zona leste de Aleppo".
"No momento em que começar esta pausa humanitária, as tropas sírias devem retirar-se a uma distância suficiente para que os combatentes possam deixar suas armas em dois corredores especiais, entre eles a estrada de Castello", completou o ministro.
"Pedimos aos governos dos países que têm influência sobre a parte leste de Aleppo que convençam os líderes (dos rebeldes) a parar os combates e deixar a cidade", disse, em referência aos Estados Unidos.
Na segunda-feira, Moscou anunciou que os exércitos da Rússia e da Síria suspenderiam os bombardeios e quaisquer outros disparos na quinta-feira em Aleppo das 8h às 16h, no horário local.
Serguei Shoigu destacou que a interrupção a partir desta terça-feira dos bombardeios aéreos ajudará no êxito das conversações "sobre a separação da oposição moderada e os terroristas em Aleppo" que devem começar, de acordo com o ministro russo, na quarta-feira em Genebra.
Na segunda-feira à noite, o embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, anunciou que Arábia Saudita e Catar aceitaram participar nas conversações com Estados Unidos e Rússia para permitir um avanço sobre o tema.
Desde 22 de setembro, as forças sírias e a aliada Rússia submetem os bairros rebeldes da zona leste de Aleppo e seus quase 250.000 habitantes a uma chuva de bombardeios aéreos. Mais de 430 pessoas morreram desde então, de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A guerra da Síria provocou mais de 300 mil mortes desde seu início em março de 2011, após a sangrenta repressão das manifestações pró-democracia executada pelo regime de Bashar al-Assad.
Família
Antes do anúncio do cessar-fogo, na noite de segunda-feira, bairros rebeldes de Aleppo foram alvo de intensos bombardeios. Em um deles que um casal e seus três filhos morreram, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
O OSDH afirmou que os aviões russos bombardearam vários bairros do leste de Aleppo como Sukari, Ferdus, Bustan al Qasr e Sajur.
No bairro de Bustan al Qasr, um edifício atingido por uma bomba desabou com todos os habitantes em seu interior, contou um correspondente da AFP, que viu cinco cadáveres, alguns de crianças.
Segundo esta organização radicada no Reino Unido e com uma rede de fontes no país, os rebeldes também realizaram disparos contra os bairros de Aleppo controlados pelo regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
O regime sírio e a Rússia, sua aliada, realizam desde 22 de setembro uma ofensiva para tomar o controle dos bairros rebeldes da segunda cidade mais importante da Síria, dividida desde 2012 entre um setor a oeste pró-governamental e outro a leste, em poder dos insurgentes.