Arsen Pavlov, ou simplesmente Motorola, cidadão russo e miliciano de Donbass, foi morto no domingo passado (16). A Sputnik apresenta detalhes da vida e morte de uma das personagens mais famosas e mediáticas do conflito no leste da Ucrânia.
Spuntik
O que se sabe sobre o assassinato de Motorola?
O que se sabe sobre o assassinato de Motorola?
Arsen Pavlov, um dos comandantes das milícias independentistas de Donbass, foi morto na cidade de Donetsk, capital da autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD). No elevador do edifício onde vivia o miliciano foi detonado um artefato explosivo. Na sequência do atentado ele morreu e algumas outras pessoas sofreram ferimentos.
Arsen Pavlov, o Motorola |
Segundo dados das autoridades de Donetsk, a bomba foi ativada à distância. A república autoproclamada responsabilizou um grupo de agentes subversivos ucranianos pelo incidente.
O líder da RPD, Aleksandr Zakharchenko, manifestou no ar do canal televisivo russo NTV que as autoridades da república sabem o nome da pessoa que encomendou o homicídio:
“[O inquérito] nos possibilita saber não só quem o encomendou, nós aliás já sabemos isso, mas também quem executou este homicídio. Não haverá indulto para vocês [os culpados], acreditem”, sublinhou Zakharchenko.
O líder da RPD, Aleksandr Zakharchenko, manifestou no ar do canal televisivo russo NTV que as autoridades da república sabem o nome da pessoa que encomendou o homicídio:
“[O inquérito] nos possibilita saber não só quem o encomendou, nós aliás já sabemos isso, mas também quem executou este homicídio. Não haverá indulto para vocês [os culpados], acreditem”, sublinhou Zakharchenko.
Acusações contra a Ucrânia
O líder de Donetsk também afirmou que com o homicídio de Arsen Pavlov Kiev declarou de novo a guerra contra a RPD.
“Eu considero assim: [o presidente ucraniano] Pyotr Poroshenko violou a trégua e declarou guerra contra nós”, declarou.
O representante plenipotenciário da República Popular de Donetsk Denis Pushilin concorda com Aleksandr Zakharchenko:
A Ucrânia não pode organizar uma verdadeira ofensiva porque sabem que irão perder, e por isso eles regressam [à tática de] atos terroristas.
O representante plenipotenciário da República Popular de Donetsk Denis Pushilin concorda com Aleksandr Zakharchenko:
A Ucrânia não pode organizar uma verdadeira ofensiva porque sabem que irão perder, e por isso eles regressam [à tática de] atos terroristas.
“Isso pode provocar algum agravamento [da situação em Donbass]”, sublinhou Pushilin.
O assessor do chefe do Serviço de Segurança ucraniano Yuri Tandit também comentou a situação à televisão ucraniana 112 Ukraina:
“A pessoa que cometeu crimes contra a integridade da Ucrânia, e tinha praticamente um mandado de prisão emitido por nós, foi morto hoje em um prédio residencial” – disse ele.
Entretanto, nenhuma entidade policial ou militar ucraniana reivindicou a morte de Motorola.
Quem era Motorola e por que ficou famoso?
Arsen Pavlov, cidadão russo, era um dos milicianos mais antigos da rebelião em Donbass. Ele fazia parte de uma pequena entidade chefiada pelo primeiro ministro da Defesa da República Popular de Donetsk Igor Strelkov, que organizou a revolta popular na cidade de Slavyansk, em Donbass, na primavera de 2014. Ele era famoso por filmar ele próprio as hostilidades em Donbass, demonstrando sua coragem e profissionalismo militar, de acordo com os outros milicianos, inclusive o próprio Strelkov.
Além disso, ele participou dos confrontos no Aeroporto de Donetsk, onde já comandava o batalhão Sparta, e da batalha de Debaltsevo. Foi condecorado com a Cruz de S. Jorge da República Popular de Donetsk.
Pavlov recebeu o apelido de Motorola durante o serviço militar anterior no exército da Rússia, no qual era soldado do serviço de telecomunicações de fuzileiros navais. Também se sabe que o Motorola participou da segunda guerra da Chechênia nas fileiras do exército da Federação da Rússia.
Em junho deste ano foi realizado um atentado falhado contra Motorola, na sequência de uma explosão no território de um centro traumatológico em Donetsk foram danificados alguns veículos, mas o próprio miliciano escapou são e salvo.
Lembramos que em 1 de setembro, em Donbass entrou em vigor mais um regime de cessar-fogo. Ele foi aprovado pelas partes durante a reunião do grupo de contato em Minsk em 26 de agosto. O cessar-fogo foi planejado para coincidir com o início do ano letivo. Apesar do estado de cessar-fogo, surgiram múltiplos relatos de violações da trégua. Além disso, o grupo de contato para a regularização de situação na Ucrânia assinou em 21 de setembro, em Minsk, um acordo sobre o afastamento de forças e armas das partes em conflito em Donbass. A retirada devia ter começado em 1 de outubro, mas não foi possível completar o processo. Tanto a milícia independentista como os militares ucranianos se acusam mutuamente de violação do regime de cessar-fogo.
Em abril de 2014, as autoridades da Ucrânia lançaram uma operação militar contra as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no leste do país. Estas regiões proclamaram sua independência após o golpe de Estado ucraniano em fevereiro de 2014. Segundo os dados da ONU, as vítimas do conflito já somam mais de 9,6 mil pessoas.