Os Estados Unidos acusam a Rússia e outros países de fazerem provocações, mas são as ações deles que podem ser consideradas provocatórias, escreve The National Interest.
Sputnik
O autor do artigo, Ted Galen Carpenter, destaca o caráter contraditório da situação em que o exército dos EUA age longe do seu território, mas disso são acusados os países que estão atuando na zona de interesse deles.
Navio da US Navy no Mar da China Meridional © REUTERS/ Romeo Ranoco |
"Isto é um tema que abordamos com demasiada frequência: a noção que as operações militares dos EUA no palco mundial não só são aceitáveis, como não podem ser sujeitas a quaisquer questionamentos ou críticas", escreveu ele para NI.
Como exemplos ele usa a situação da Rússia na Síria e nos Países Bálticos, do Irã no golfo Pérsico e da China no mar do Sul da China.
Em particular, Washington e a mídia acusam Moscou de intervenção militar no conflito na Síria, apesar do fato de a intervenção dos mesmos EUA ser considerada uma coisa normal, ou até mesmo inevitável.
"Os americanos consideram a intervenção da Rússia ao conflito uma coisa escandalosa, tendo em conta que a Síria fica a menos de mil quilômetros da fronteira sul da Rússia e também que a família governante de Assad é ‘um cliente político’ de Moscou já há muito tempo", esclarece Carpenter.
Na região do Báltico, os EUA seguem os mesmos padrões duplos. Washington tem frequentemente acusado a Rússia por ameaçar seus navios, mas as autoridades americanas não percebem que Moscou tem razões para considerar ameaçadora a presença dos americanos perto de sua fronteira, se lê no artigo.
O mesmo se passa no mar do Sul da China – Washington age à distância de vários milhares de quilômetros da sua fronteira. No golfo Pérsico, em agosto teve lugar uma aproximação perigosa entre navios dos EUA e do Irã, quando uma lancha de patrulha iraniana escoltou um contratorpedeiro americano.
A Casa Branca chamou imediatamente este incidente de "provocação monstruosa".
“Ninguém duvidou que fosse uma provocação por parte dos EUA – enviar um contratorpedeiro pesado a uma distância de 6 mil milhas do seu território, mas apenas a algumas milhas da costa do Irã”, assinala o autor.
Segundo o autor, os EUA devem perceber que os outros países não se vão submeter a essas ações. Ele concluiu que tais ações são "medíocres e perigosas".