A atmosfera em torno da 7ª cúpula da OTAN na capital da Polônia, Varsóvia, já foi marcada por declarações semi-hostis em relação à Rússia.
Sputnik
Assim, o presidente norte-americano Barack Obama declarou que a OTAN precisa de mobilizar a vontade política e tomar medidas concretas para enfrentar desafios como o grupo terrorista Daesh, a Rússia e o Brexit. No âmbito da própria cúpula, de acordo com expetativas de especialistas, pode ser tomada a decisão sobre o posicionamento de quatro batalhões militares da OTAN perto das fronteiras russas dentro da estratégia de contenção da Rússia.
Reunião de cúpula da OTAN na Polônia © REUTERS/ Kacper Pempe |
Entretanto, apesar da imagem da mídia ocidental, nem todos os europeus estão satisfeitos com os passos que estão sendo tomados pela Aliança. Entre eles está o tcheco Jiri Bures, coronel aposentado e presidente da associação Militares contra guerra que tem uma visão alternativa em relação à OTAN e seu papel na Europa.
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A Sputnik apresenta a íntegra do comentário de Bures:
"Todas as guerras e conflitos militares após a Segunda Guerra Mundial foram na sua maioria provocados e realizados por parte dos EUA e depois a OTAN foi também arrastada neles. Isto levou milhões de vidas e provocou um dano material imenso. Os EUA aspiram a que a OTAN se torne o único gendarme, juiz e executor de direito no mundo – do direito elaborados pelos Estados Unidos. Isto foi manifestado de forma bastante clara na cúpula da OTAN em 2010.
Neste momento, o objetivo e a essência da atividade da OTAN é parar a ‘expansão’ da Rússia. A OTAN, sendo a legião europeia dos EUA, deve obedientemente executar tarefas cujo objetivo é garantir interesses geoestratégicos dos EUA. As legiões europeias devem contribuir para que os Estados Unidos tomem o controle das fontes de energia e matérias-primas.
Pode ser que na cúpula de Varsóvia seja expressado o desejo de os aliados dos EUA, membros da OTAN, se libertarem da submissão e obediência cega aos EUA e começarem a realizar uma política própria, de compreenderem que está na hora de se ocuparem eles próprios da segurança na Europa, independentemente dos EUA.
É preciso também ter em conta as mudanças sociais nos últimos 25 anos. Se as prioridades da cúpula forem colocadas da mesma maneira como elas estão sendo colocadas no momento, a possibilidade de melhorar a situação ficará bem longe; finalmente, haverá uma aproximação do território euro-atlântico às fronteiras da Rússia.
Isso poderia conduzir ao crescimento constante da tensão na Europa".