Vitória Bernal, de 24 anos, integra Esquadrão Poti, em Rondônia.
'Maior dificuldade foi se adaptar a aeronave russa', diz piloto.
Ísis Capistrano | G1 RO
Vitória Bernal, de 24 anos, tem muitos motivos para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Piloto no 2º/8º Grupo de Aviação Esquadrão Poti em Porto Velho, Vitória foi a primeira mulher a comandar um helicóptero de ataque no Brasil, um AH-2 Sabre de 12 toneladas. Na Força Aérea Brasileira (FAB) há seis anos, ela revela que determinação e sonho da carreira militar foram os dois segredos para as conquistas profissionais. "As meninas só precisam ter dedicação, que daí elas conseguem qualquer coisa", diz.
2ª tenente, Vitória tem seis anos de militarismo e pilota helicóptero de guerra (Foto: Ísis Capistrano/ G1) |
Em entrevista ao G1, Vitória diz que a paixão por aviões nunca foi apenas uma vontade passageira da juventude. Assim que fez o aniversário de 18 anos, ela entrou para a Academia da Força Aérea (AFA), um curso superior da carreira militar.
Após quatro anos de estudo em uma academia onde muitos são desligados por não conseguir completar os níveis mínimos de pilotagem, a jovem se formou, fez especialização em helicópteros no Rio Grande do Norte e optou por atuar no Esquadrão Poti, em Rondônia. A base abriga 12 helicópteros AH-2 Sabre, que são utilizados na proteção das fronteiras do Brasil.
O esquadrão está sediado em Rondônia devido à posição estratégica dentro da Amazônia, que possibilita às aeronaves chegar a qualquer lugar do território nacional.
Vitória, que fez inúmeras missões durante a especialização no RN, como busca e salvamento, transporte de carga externa, navegação e emprego armado, se identificou com o emprego armado. Ela optou pelo Poti porque é um dos esquadrões da FAB mais especializados em helicópteros.
Chegada
A dificuldade da 2º tenente foi se adaptar à aeronave russa, que ela define como complexa e diferente de todas que ela já estava acostumada. Segundo Vitória, nunca houve estranhamento na Base Aérea pelo fato de ela ser mulher.
"Para mim é uma coisa normal. Cheguei aqui com um colega que foi da mesma turma que eu. Nós fazemos as mesmas missões, estudamos as mesmas coisas. Tem impacto maior, porque há poucos pilotos mulheres nas Forças Armadas. De 100 que integravam minha turma, por exemplo, oito eram mulheres", diz.
Para Vitória, as pessoas que não trabalham na Base Aérea são as que mais costumam se assustar pelo fato dela pilotar aeronaves. "Você vai aos lugares da cidade e quando digo que sou piloto, perguntam: Como assim?".
Com todas as qualificações, Vitória diz que as mulheres não só podem correr atrás dos sonhos, como devem.
"Se você põe um negócio na cabeça, não há nada que não possa fazer. Não desista, não abaixe a cabeça. Foco e determinação é o segredo para qualquer coisa, não só para o militarismo. As meninas não podem se assustar só porque a maioria é homem. As pessoas me receberam aqui superbem, com profissionalismo. Nunca me trataram mal ou melhor pelo fato de ser mulher. As meninas precisam ter dedicação que elas conseguem qualquer coisa”, conta.
Apesar do treinamento pesado, Vitória garante que não tem uma história "emocionante" de combate. Até hoje só participou de interceptações simuladas, porém garante que se um dia chegar a participar de um combate, estará a postos para cumprir a tarefa como qualquer outro tenente.
Cantadas no esquadrão? "Eu tenho um namorado/marido que trabalha no esquadrão ao lado. Aí todo mundo sabe e não tenho nenhum problema", diz aos risos.