Regime sírio retoma cidade histórica de Palmira do Estado Islâmico
Do G1, em São Paulo
As forças sírias retomaram neste domingo (29) o controle de Palmira e conseguiram expulsar os jihadistas do Estado Islâmico (EI), informaram a mídia estatal síria e a ONG Observatório Sírio para Direitos Humanos. O grupo radical havia conquistado a histórica cidade em maio de 2015.
Tropas sírias ao lado de mansão da família real do Catar, na periferia da antiga cidade de Palmira, na quinta (Foto: AFP) |
Um oásis no meio do deserto, Palmira é considerada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco. A tomada da cidade pelo EI teve grande repercussão mundial.
De acordo com o Observatório Sírio, na manhã deste domingo (horário local) ainda se ouviam disparos na parte oriental de Palmira. As forças do EI, no entanto, abandonaram a cidade, e o controle passou para o governo sírio.
"Após violentos combates noturnos, o exército controla totalmente a cidade de Palmira, inclusive a parte antiga e a parte residencial", disse uma fonte militar à agência de notícias France Presse.
As unidades de engenharia do exército passaram a desativar dezenas de bombas e minas no interior da cidade antiga - onde estão numerosos tesouros históricos -, segundo a mesma fonte militar. Parte dessas relíquias foi destruída pelo EI.
O Observatório Sírio informou que mais de 400 jihadistas e ao menos 180 membros das forças do regime sírio morreram durante os combates por Palmira, que se iniciaram em 7 de março. A ONG conta com uma rede de voluntários na Síria.
As forças terrestres contaram com apoio de aviões e helicópteros sírios e russos, além de artilharia, que bombardearam as posições do Estado Islâmico na cidade. O presidente russo, Vladimir Putin, é o maior aliado do ditador sírio, Bashar Al-Assad.
O exército sírio já havia recuperado neste sábado (25) a cidadela de Palmira, uma fortaleza que tem vista para toda a cidade histórica, e havia relatos de combatentes do Estado Islâmico deixando a cidade desde sexta (24).
Derrotas relevantes
A retomada de Palmira representa mais uma derrota para o Estado Islâmico, que há dois dias perdeu um importante líder, morto pelos Estados Unidos.
Abdel Rahmane al-Qaduli, considerado o número 2 do EI, morreu durante um ataque aéreo na sexta. O Departamento de Justiça dos EUA oferecia US$ 7 milhões de recompensa por informações sobre Al-Qaduli, e ele figurava na lista de potenciais sucessores de Abu Bakr al-Baghdadi - líder e fundador da organização.
"Estamos eliminando sistematicamente o círculo de líderes do EI. O exército americano matou vários terroristas importantes do EI nesta semana, incluindo Haji Iman [apelido de Abdel Rahmane al-Qadul]", afirmou o secretário de Estado americano, Ashton Carter.
"Era um dos líderes do EI, agindo como ministro das Finanças e responsável por vários complôs internacionais", disse o secretário. "A eliminação deste líder do EI dificultará sua capacidade de realizar operações no Iraque e na Síria, e no exterior."
Destruição de templos
Palmira abriga ruínas de uma grande cidade, que foi um dos maiores centros culturais do mundo antigo. Antes da guerra civil na Síria, iniciada em 2011, as ruínas de Palmira, o mais belo sítio arqueológico do país, recebiam 150 mil turistas por ano. A cidade fica na província de Homs, a 215 quilômetros de Damasco.
Em agosto, jihadistas do EI explodiram o templo de Bel, o mais importante do conjunto arqueológico de Palmira, conhecido como "pérola do deserto". O porta-voz da ONU Stéphane Dujarric condenou "a destruição injustificada de um conjunto de valor inestimável para nosso patrimônio mundial comum".
Dias antes, EI havia destruído o templo de Baalshamin, o segundo mais importante da cidade. O templo de Baalshamin – o deus do céu fenício – começou a ser construído no ano 17 e posteriormente foi ampliado pelo imperador romano Adriano em 130.