A tomada da cidade de Sirte por radicais islâmicos é um "resultado da intervenção da OTAN em 2011" na Líbia, disse à agência Sputnik, o jornalista e acadêmico líbio, Mustafa Fetouri.
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Estima-se que 4.000 combatentes do Daesh (Estado Islâmico) controlam este distrito no leste da Líbia, estrategicamente localizado na costa do Mediterrâneo e a poucos quilômetros da exploração de petróleo.
Rebelde em frente a refinaria de petróleo no leste da Líbia © AP Photo/ Hussein Malla |
Fetouri chega a prever um novo ataque aéreo por parte do Ocidente para "proteger-se de uma ameaça tão próxima à Europa".
"Mas a intervenção não vai resolver nada", acrescenta.
"Não há nenhuma maneira de derrotar o Daesh com bombardeios em Sirte, eles não estabeleceram uma sede, campos de treinamento e depósitos de armas estão espalhadas entre a população local e as bombas matam civis", disse o analista em uma entrevista por telefone de Tripoli.
Muitos combatentes fugiram da Síria e, de acordo com o jornalista líbio, a maioria é composta por estrangeiros da Tunísia, Argélia, Mali, Chade e Níger.
O especialista acredita que as pessoas em Sirte, predominantemente os muçulmanos sunitas, poderia expulsar os islamitas de sua região, se "tiverem a confiança de que receberão proteção internacional".
Pelo contrário, como frisou, os líbios "se sentem abandonados" cinco anos após a revolta no país e os ataques aéreos subsequentes por parte do Reino Unido, França e Estados Unidos.
"Qualquer intervenção militar é errada e, no caso da Líbia, ocorreu sem conhecer bem o país e sem um plano para o dia após a ofensiva", observou o acadêmico.
Fetouri denunciou as "mentiras" que serviram de justificação humanitária para entrar no conflito da Líbia em 2011, quando o "principal objetivo era derrubar o Gaddafi".
Desde então, o país está fragmentado, com as milícias controlando o oeste em torno de Trípoli e extremistas do Daesh aumentam o seu poder em uma zona no leste, enquanto prosseguem as negociações da ONU para formar um governo estável de unidade nacional.