Na terça-feira (12) a região de Donetsk, no leste da Ucrânia, recebeu uma missão de três dias de duração de um grupo de ativistas de direitos humanos franceses para avaliar as consequências dos constantes ataques das forças de Kiev contra a autoproclamada República Popular de Donetsk.
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Após dois dias de intensas visitas e trabalho de campo na região, o ativista francês Jacques Clostermann contou em entrevista exclusiva à Sputnik as suas impressões sobre a extensa destruição e as duras condições de vida encontradas no local.
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A seguir, os principais trechos dessa entrevista.
"A nossa primeira missão em Donbass consiste em ouvir, observar e repassar tudo para os nossos amigos franceses. Ninguém fala sobre Donbass na França. Achávamos importante viajar e nos encontrar pessoalmente com os habitantes de Donbass, com os militares, inclusive franceses, bem como com a impressa local".
"Ficamos impressionados com a intensidade das destruições, inclusive de prédios públicos e de objetos importantes de infraestrutura como pontes e estradas. Ficamos impressionados com o fato de que mesmo as construções sem qualquer importância militar foram destruídos com enorme ferocidade. Falo de mosteiros, igrejas, cemitérios, habitações. Um dos prédios residenciais que vimos, por exemplo, foi alvo de ataques 42 vezes!"
"Os habitantes de Donbass dizem: nos deixem em paz, vivíamos bem aqui, queremos continuar falando russo porque nos sentimos russos ao longo de muitas gerações".
"Hoje estivemos perto da linha de confronto. Ouvimos tiros. Mas descobrimos que os tiroteios acontecem principalmente a noite, já que as missões de observações da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) são feitas de dia. Ou seja, aqueles que deveriam registrar isso não podem fazê-lo no momento dos tiros".
"Ficamos impressionados com algumas histórias locais. É difícil falar sobre isso, mas, por exemplo, nos contaram sobre um tanque de ataque que entra na cidade e começa a atirar indiscriminadamente. Sendo que muitas vezes os soldados do exército ucraniano responsáveis por isso estão bêbados. Tivemos a impressão de que o exército da Ucrânia é incontrolável".
"Em Donbass os acordo de Minsk são respeitados".
"Posso dizer que nos encontramos com pessoas, militares, que estão firmemente determinados em respeitar e respeitam Minsk-2".
"É a nossa primeira viagem para Donbass. Querem voltar para cá dentro de 3-4 meses com um maior número de pessoas".
"Irei contar na França tudo o que vi… Estou convidando mídias francesas a fazer essa viagem conosco para registrar com os próprios olhos a destruição de alvos civis e militares, incluindo hospitais…".
"As pessoas estão morando em porões com suas crianças. Vimos cidades inteiras sem aquecimento. Eles estão vivendo em condições muito difíceis, têm muita coragem".
"Eles dizem que continuam a subsistir graças à ajuda humanitária russa… Aquilo que vimos não é vida, é sobrevivência.
"Fico muito impressionado quando vejo Bernard Henri Levy e Kouchner no Maidan perto do batalhão Azov, ou aqueles que se consideram abertamente nazistas. Mas não os vejo aqui, onde a situação é muito difícil. E eu não entendo quando esses grupos neonazistas são recebidos em Nantes e realizam conferências".
"Os combatentes que encontrei aqui, em Donbass, são patriotas, não são rebeldes ou terroristas, como eles são chamados na Ucrânia. Não encontrei terroristas entre eles, mas apenas aqueles que defendem seus ideais e sua pátria".
"Ouvi dizer que militares turcos e representantes do Daesh (estado Islâmico) vieram para cá para lutar contra militares da República Popular de Donetsk".