O Água Box, invenção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, teve versão compacta desenvolvida em parceria com os engenheiros do Exército Brasileiro em Manaus. Com capacidade de purificar até 300 litros por hora, o equipamento adaptado para uma mochila pesa cinco quilos a menos comparado com o Água Box original, que pesa 13 kg
Luciete Pedrosa | Ascom do Inpa
Um purificador de água que pode ser transportado nas costas dentro de uma mochila promete resolver um problema enfrentado pelos militares nas operações de selva – a falta de água potável. A invenção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o Água Box, foi adaptada para uma versão compacta do equipamento, em parceria com os engenheiros do Exército Brasileiro em Manaus, desenvolveram a mochila.
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De acordo com o titular do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general do Exército Theophilo Gaspar, a ideia é multiplicar o aparelho como material de emprego militar para ser usado pelo Exército. No início deste mês (de 4 a 12 de novembro), o sistema foi testado com sucesso na Operação Machifaro 2, desenvolvida em Iranduba (AM).
"Esse equipamento simples veio para resolver um problema que enfrentamos há muito tempo nas operações de selva", destaca Gaspar.
Um protótipo do aparelho foi apresentado no 1º Seminário Internacional de Operações na Selva, que aconteceu no Clube do Trabalhador do Serviço Social da Indústria (Sesi), de terça-feira (17) até esta quinta-feira (19).
A versão original consiste em um purificador de água em formato de caixa que pesa aproximadamente 13 quilos (kg). É capaz de purificar até 400 litros (l) por hora e funciona à base de energia solar, que carrega uma bateria para acionar uma lâmpada que emite radiação ultravioleta. Já a versão adaptada para uma mochila pesa aproximadamente 8 kg e tem capacidade de purificar até 300 l por hora.
O Água Box tradicional já foi implantado em comunidades ribeirinhas da Amazônia, aldeias indígenas e em Nampula, uma região de Moçambique, na África. Nos próximos dias, duas unidades do equipamento serão instaladas em uma das 12 aldeias yanomami, em Santa Isabel do Rio Negro (AM).
Desde agosto deste ano, técnicos do Parque Regional de Manutenção da 12ª Região Militar do Exército Brasileiro, juntamente com o pesquisador do Inpa, vinham estudando uma forma de conceber o aparelho.
Os militares desenvolveram a mochila configurada para abrigar de forma organizada os componentes do purificador, composto ainda por uma placa solar dobrável e um reservatório plástico para armazenar a água.
“A base foi inventada por mim e estou muito satisfeito, porque os militares estão usando o aparelho do jeito que, há muito tempo, eu pensava em fazer, porém, não tinha ideia de como adaptar a invenção para uma mochila”, diz o pesquisador do Inpa, Roland Vetter, que continua trabalhando para reduzir ainda mais o peso do equipamento.
Para o coronel Triani, comandante do Parque Regional da 12ª RM, a invenção de Vetter, além do apoio à tropa, também será útil para apoiar as pequenas comunidades do interior da Amazônia. “O Exército, que está sempre em contato com as comunidades, poderá fornecer água tratada para a população por onde estivermos passando, deixando um modelo de sustentabilidade com água limpa para todos”.
O sargento Alves, do Parque de Manutenção da 12ª RM e um dos integrantes da operação em que foi testada a invenção do pesquisador do Inpa, conta que o purificador compacto supriu as necessidades de água potável da tropa. “O equipamento é leve, de fácil transporte pela praticidade de uma mochila carregada nas costas e pode ser levada para qualquer lugar”, conta o sargento.
De acordo com Alves, num ambiente de selva os militares não têm como obter água potável. O que se utiliza, hoje, é um cantil que tem capacidade de 1,5 litro de água e o uso de uma pílula de Clorin para purificar o líquido. “Com esse equipamento desenvolvido pelo Inpa, teremos a certeza de estar bebendo uma água limpa e desinfectada”, ressalta.
Saiba Mais
O purificador Água Box já teve seu pedido de patente depositado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). A tecnologia foi transferida para uma empresa de Manaus – Q’ Luz, por meio da Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Ceti) do Inpa.