Ação começou nesta quarta-feira (30) e teve aval do Conselho da Federação
EKATERINA SINELSCHIKOVA | GAZETA RUSSA
A Rússia iniciou nesta quarta-feira (30) um bombardeio aéreo em áreas de concentração do EI (Estado Islâmico) na Síria. O evento ocorreu algumas horas após o Conselho da Federação conceder autorização às forças armadas russas depois de pedido de ajuda militar do presidente sírio Bashar al Assad ao russo Vladímir Pútin.
Segundo deputado, principais aeronaves que deverão ser utilizadas no ataque serão Sukhôi Su-25 Foto:Reuters |
A informação foi confirmada pelo Ministério da Defesa da Rússia. O porta-voz do órgão, general-maior Igor Konashenkov, afirmou que o ataque aéreo é direcionado a centros de comunicações, transportes, depósitos de armas, de munições e combustíveis, e equipamentos bélicos pertencentes aos terroristas.
De acordo com fonte do canal norte-americano CNN, a operação aérea russa ocorre nos arredores de Homs. A imprensa curda noticiou ataques aéreos na área da cidade de Hama, 213 km a norte da capital, Damasco. A Rússia ainda não comentou a localização dos ataques.
Apoio ao exército sírio
Durante consulta com membros do governo, o presidente Pútin confirmou que não haverá participação russa em operações terrestres e que a Rússia "não pretende entrar de cabeça no conflito".
"Daremos apoio ao Exército sírio exclusivamente em sua guerra legal especificamente contra grupos terroristas", ressaltou Pútin.
Segundo ele, o apoio durará o tempo que se prolongarem as operações terrestres de ofensiva do Exército sírio.
Além disso, Pútin declarou que todos os parceiros estrangeiros da Rússia foram informados sobre seus planos, e propôs a todos os Estados interessados que se unissem às ações do centro internacional de informações, e, posteriormente, ao "centro de coordenação em Bagdá".
Sem encobrimento
O início da operação aérea foi apoiado por políticos de peso. A porta-voz do Conselho da Federação, Valentina Matvenko, afirmou que a câmara alta concedeu permissão para o uso de contingente do Exército, já que a situação no Oriente Médio exige reação imediata e está levando ao cenário mais negativo possível.
"Isso pode ser uma ameaça ao mundo inteiro, a ameaça de alastramento do EI em outros países, até a Europa e Rússia", disse Matvenko.
Já o presidente do comitê para assuntos internacionais do Conselho da Federação, Konstantin Kosatchov, afirmou que o uso da aviação russa na Síria não significa interferência em seus assuntos internos, já que a Rússia "não persegue nenhum interesse nacional, além de prover a segurança dos próprios cidadãos".
O portal Gazeta.Ru divulgou que na consulta realizada no Conselho da Federação pela manhã senadores disseram que "ninguém está interessado de tomar parte na operação". "Nos asseguraram que, na primeira oportunidade possível, ela será finalizada", disse uma fonte do veículo.
Na Duma de Estado (câmara dos deputados), houve reação parecida quanto ao início da operação. "A decisão de Pútin é uma decisão de um pacificador que defende seu povo. O presidente pensa em seu país, nas pessoas", declarou a chefe do comitê para trabalho, políticas sociais e veteranos da Duma, Olga Batalina.
O presidente do comitê para defesa da Duma, almirante Vladímir Komoedov, ainda falou sobre os tipos de aviação que serão empregados pela Rússia na Síria. "Preferencialmente, será usada aviação de assalto, de prospecção, nossa série Sukhôi, principalmente o Su-25, "Gratchi" poderão ser usados, aviões de caça-bombardeiros, que são universais. Certamente [serão usados] helicópteros que têm capacidade de derrotar o alvo", disse Komoedov à agência de notícias Tass.