Os pilotos militares russos não são conhecidos apenas por seu alto nível profissional. Como disse um dos pilotos, eles costumam praticar alguns rituais antes dos voos. Por exemplo, os pilotos não usam roupas novas nas missões de grande dificuldade.
Sputnik
A operação da Força Aeroespacial russa na Síria, cujo objetivo é apoiar a ofensiva terrestre das tropas governamentais sírias e destruir as infraestruturas do Estado Islâmico, já continua por 20 dias. Durante este tempo, os aviões militares russos realizaram cerca de 750 ataques contra instalações dos militantes.
Pilotos russos "acariciam" seu Sukhoi Su-34 © Sputnik/ Dmitriy Vinogradov |
“Como o nosso equipamento é muito complexo e o serviço é perigoso, há muitas superstições e rituais que realizamos antes do voo”, disse aos jornalistas um dos pilotos. “Por exemplo, não vestimos roupas novas nas missões mais sérias, somente roupas velhas. As botas também devem aprender a voar!”, afirma o piloto.
Mais uma crendice é não tirar fotos antes de voo para que “a última foto não seja colocada na sepultura”, dizem pilotos. É por isso que não há quase nenhuma foto de pilotos tirada na base aérea síria de Khmeimim.
Antes de voar, os pilotos passam no sentido dos ponteiros do relógio ao redor do avião como que saudando o veículo, passando a mão por cima da parte frontal, asas, bombas e mísseis.
“Não precisamos disso, os técnicos profissionais examinam os nossos veículos. É puramente uma tradição que tem as suas raízes no tempo dos aviões de hélices, quando os pilotos verificaram por si próprios a vibração da aeronave”, diz o piloto.
Em gíria profissional, os pilotos dizem que “acariciam” os seus aviões. Isso parece muito tocante, como se os pilotos pedissem ao seu avião para não falhar.
A assistência técnica de aviões é um processo muito complicado, feito por uma equipa de profissionais. Um engenheiro examina o trem de aterrissagem sendo que primeiramente é preciso deitar água sobre ele para que esfrie. É que no local do aeródromo de Khmeimim estão 30 graus positivos. Especialistas na área de radioeletrônica ligam os scanneres aos aparelhos de avião e comparam os seus indicadores com os de mau estado. Se nem tudo está certo, o avião é colocado num hangar separado. Se está tudo bem, põem combustível e o avião está pronto a um novo voo.
“Apesar da intensidade dos voos e da temperatura alta, não tem havido falhas técnicas ou humanas no aeródromo”, afirmou o representante da Força Aeroespacial, Igor Klimov.
Para evitar falhas humanas, o piloto deve ter bastante descanso e alimentar-se bem.
“Moramos em módulos especiais para uma ou duas pessoas. As condições são modestas, não temos televisão mas também não sentimos falta de nada. O que é mais importante é que dormimos bem porque o sucesso da missão e mesmo a vida do piloto dependem da reação e da atenção“, dizem os pilotos.
Para situações imprevistas os aviões são equipados com reservas de acidente, necessárias em caso de o avião cair em território de inimigo ou desabitado. O equipamento pesa de cerca de 12 kg e inclui um radioemissor Komar, uma jangada inflável para uma pessoa porque as ações militares são realizadas perto do litoral do mar Mediterrâneo. A parte alimentícia inclui ração seca, uma reserva de 1,5 litros de água potável, açúcar ou caramelo e sal. O equipamento de primeiros socorros inclui tintura de iodo, ataduras e anestésicos. Também o sortimento tem pequenos foguetes de sinalização, um machete e um espelho para dar sinais quando os cartuchos estão esgotados e a radioemissora se descarregou.
Os técnicos da base de Khmeimim dizem que todo isto fica debaixo do assento, dentro do assento ejetor. Durante a ejeção, este equipamento se põe em funcionamento, em particular, primeiramente se liga o radioemissor, que irá transmitir as coordenadas do piloto à base. Depois se põe em funcionamento tudo o resto.