Em 10 de setembro de 2014 o presidente norte-americano, Barack Obama, apresentou a "estratégia abrangente e sustentada contra terrorismo" que mira destruir o grupo terrorista Estado Islâmico. Mas um ano depois parece que os esforços da coalizão internacional liderada pelos EUA não deram efeito desejado.
Sputnik
Durante o ano a coalizão realizou um total de 6.700 ataques aéreos em Iraque e Síria, segundo a informação oficial do Pentágono, bem como realizou 53.278 missões de suporte aéreo, chamados de 'sorties'.
Mais de 10 mil alvos dos terroristas, inclusive edifícios, tanques, partes da infraestrutura petrolífera e posições de combate foram danificados ou destruídos nas ofensivas.
Barack Obama© AP Photo/ Susan Walsh |
Os números
Não existem números oficiais de mortes entre os membros do EI durante o último ano.
Em junho o subsecretário de Estado norte-americano Tony Blinken declarou que mais de 10 mil militantes do Estado Islâmico foram mortos na campanha contra terrorismo liderada pelos EUA. Enquanto isso, a declaração foi criticada pelos especialistas e o número estimado foi chamado de demasiado otimista, quer dizer o número real é muito menor.
Mais do que isso, existem dados sobre quantias significativas de civis mortos durante ataques da coalizão internacional. Até o momento esta última só admitiu um caso de morte de civis – durante o ataque realizado em novembro de 2014 que matou duas crianças na Síria. Mesmo assim a operação foi classificada por tenente general John Hesterman como "a mais precisa e disciplinada em toda a história de combate aéreo".
A precisão da operação foi posta em questão pelo projeto realizado por jornalistas independentes Airwars que declararam em agosto que tinham a evidência fiável que prova a morte de mais de 450 civis, inclusive 100 crianças em ataques aéreos norte-americanos.
A respetiva declaração foi provada pelo relatório do jornal britânico Guardian citando uma fonte de Comando Central dos EUA. A fonte divulgou que civis foram mortos em até 71 ataques.
Toda a operação também não foi barata e, segundo estimativas feitas no mês passado, custou US$ 3.7 bilhões, ou US$ 9.9 milhões diariamente.
Muitos duvidem a necessidade de gastar o montante destes de dinheiro para a campanha contra o EI, especialmente tendo em conta a situação econômica em muitos países da coalizão.
Efeito
Um outro assunto discutível é qual efeito a operação aérea de um ano com custo de mais de 4 bilhões de dólares teve sobre o Estado Islâmico e a questão se a coalizão liderada pelos EUA está a caminho de destruir o grupo terrorista.
Numa conferência de imprensa do Pentágono sobre a situação na Síria e no Iraque, oficiais norte-americanos afirmaram que os islamistas do EI foram repelidos de muitas partes do Norte do Iraque, onde a coalizão internacional tem trabalhado conjuntamente com as forças curdas.
Os EUA dizem que o EI “não pode funcionar livremente em 25-30% do território iraquiano”, mas avisou que por causa do caráter do combate no país “esta avaliação pode subir ou cair dependendo da situação no campo de batalha”.
Quanto à Síria, os oficiais do Pentágono admitiram que a área de influência do Estado Islâmico no país permanece “praticamente sem alterações”, tendo em conta os ganhos territoriais da coalizão internacional e doa aliados que são contrabalançados por perdas territoriais.
Hasan Abdullah, diretor da Intelligence&Research no Instituto SPEAR, com a sede em Islamabad, disse à Sputnik que considerando os ganhos territoriais do Estado Islâmico, aumentada frequência de ataques, recrutamento bem-sucedido das pessoas dos países ocidentais e ataques do grupo contra monumentos arqueológicos, “…É claro que o Ocidente não foi capaz concretizar os seus objetivos.”
Distorção de dados da inteligência nos EUA
Mais de 50 analistas de inteligência que trabalham no Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM) apresentaram um queixo formal dizendo que os seus relatos sobre o Estado islâmico e a Frente al-Nusra que é a filial da al-Qaeda na Síria, tinham sido alterados de maneira imprópria pelos altos oficiais do serviço, escreve a edição The Daily Beast.
“O câncer foi dentro do nível superior do comando da inteligência”, disse um dos oficiais.
A queixa foi enviado ao inspetor general do Departamento de Defesa em julho alegando que os relatórios, alguns dos quais foram apresentados ao presidente estadunidense Barack Obama, descreviam os grupos terroristas mais fracos de que eles são segundo os analistas. Os relatórios foram alterados pelos oficiais superiores do CENTCOM para aderir à linha general da administração de Obama de que os EUA estão ganhando a luta contra o Estrado Islâmico e a Frente al-Nusra, opinam os autores do queixo.
O The Daily Beast sublinha que alguns analistas podem ter recordações ruins dos tempos do início da guerra no Iraque em 2003 quando os relatórios da inteligência mal escritos sugeriam que o Iraque tem armas de destruição maciça formaram a base para a intervenção militar da administração de George W. Bush.