A imprensa polonesa mostra entusiasmo relativamente a uma recente declaração do primeiro-ministro ucraniano Arseny Yatsenyuk. O premiê afirmou que o Pacto Molotov-Ribbentrop, que efetivamente criou as fronteiras ocidentais da Ucrânia contemporânea, foi um ato contra os interesses da Polônia e da Ucrânia.
Sputnik
O Pacto Molotov-Ribbentrop, um pacto de não agressão assinado entre a União Soviética e a Alemanha nazista em 1939, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, resultou na devolução à União Soviética de territórios polacos na Bielorrússia ocidental e na Ucrânia ocidental que a Polônia perdera durante a guerra polaco-soviética de 1919-1921, formando efetivamente as fronteiras ocidentais dos dois países.
Arseny Yatsenyuk © REUTERS/ Valentyn Ogirenko |
Durante o encontro com a primeira-ministra polonesa Ewa Kopacz, que visitou a aldeia ucraniana de Bykivnia na quinta-feira (16) para participar de uma cerimônia em memória dos oficiais poloneses mortos por forças de segurança soviéticas durante a guerra, Yatsenyuk declarou que o Pacto Molotov-Ribbentrop foi dirigido não só contra a Polónia, mas também contra a Ucrânia, relatou o jornal polonês Kresy.
"Tendo concluído este pacto, os bolcheviques-comunistas e os nazistas agiram contra a Polônia e a Ucrânia, dividindo nossos países e humilhando o nosso povo", disse Yatsenyuk, acrescentando que o pacto foi responsável pelo desencadear da Segunda Guerra Mundial.
Comentando o absurdo da declaração de Yatsenyuk, que parece abrir a porta para o revanchismo polaco relativamente à Ucrânia ocidental, os usuários da mídia social observam que, se as autoridades de Kiev consideram o pacto como um ato criminoso, talvez eles devam considerar a entrega das regiões ocidentais da Ucrânia à Polónia, como forma de correção deste “erro histórico”.
No site de notícias e análise PolitNavigator.net um usuário perguntou:
"Deixe-me ver: a junção da Ucrânia ocidental ao resto da Ucrânia foi dirigida contra o interesse da Ucrânia? Será que Yatsenyuk entende o que ele próprio disse?"
No ano passado, após a assinatura do Acordo de Associação entre a UE e a Ucrânia, várias organizações civis polonesas declararam que iriam interpor processos judiciais para reaver os bens que ficaram na Ucrânia ocidental quando a região foi retirada à Polônia e passou a pertencer à administração ucraniana (soviética).
Além disso, um recente estudo do Instituto de Varsóvia de Relações Públicas, em colaboração com os seus homólogos em Kiev, descobriu que quase metade dos poloneses continua a ver a Ucrânia e os ucranianos de forma negativa, com 38 por cento de indiferentes, e apenas 23 por cento dizem que estão dispostos a reconhecer totalmente a legitimidade da atual fronteira entre os dois países.