Enquanto a OTAN se prepara para os maiores exercícios da década, vejamos qual é o seu objetivo e contra quem são dirigidos na realidade.
Sputnik
Os exercícios Trident Juncture 2015 serão realizados de 28 de setembro a 16 de outubro na Espanha, Portugal, Itália, no mar Mediterrâneo e oceano Atlântico. Com a participação 36 mil militares de 27 países, será treinado um cenário de guerra híbrida, que a OTAN considera um novo tipo de guerra alegadamente travada pela Rússia.
© US Army photo by Master Sgt. Donald Sparks |
Os exercícios supostamente devem lidar com tais questões como a atual crise migratória e o conflito em Donbass (Ucrânia), no qual a Aliança assume que a Rússia participa. Além disso, a questão da Crimeia também faz parte do cenário, porque a OTAN acusa o lado russo de ter enviado forças especiais para ocupar a península antes da realização do referendo sobre a independência, enquanto o lado russo declara que o envio de tropas foi uma medida forçada para prevenir a violência na Crimeia.
O general da Força Aérea da França, Jean-Paul Palomeros, citado pelo site DefenseOne, disse:
"Em termos de intensidade, estes exercícios são os maiores de todos os que a OTAN já realizou, talvez desde o fim da Guerra Fria."
Enquanto isso, vários analistas duvidam da existência de guerras híbridas, porque todas as descrições delas são baseadas em conflitos do passado.
Paul Saunders da publicação norte-americana The National Interest opina que a ameaça da guerra híbrida com a Rússia simplesmente não existe porque Moscou não tem interesse em territórios estrangeiros, ou, como escreveu ele:
“É pouco provável que forma de atuação na questão [da Crimeia] seja amplamente aplicada.”
Lembramos que a Crimeia e a cidade de Sevastopol adotaram declarações de independência em 11 de março de 2014. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou em diversas ocasiões que os habitantes da Crimeia escolheram o seu destino através de um pleito democrático, realizado em conformidade com todas as normas do direito internacional e a Carta das Nações Unidas.
Enquanto isso, os exercícios da OTAN são a parte da estratégia de aumento da presença miliar na Europa, do fortalecimento das forças de reação rápida, aumento do contingente norte-americano, aumento de grande escala do programa de exercícios e patrulhamento, bem como aumento dos gastos militares. Tudo isso corresponde precisamente ao documento do Pentágono “Estratégia Militar Nacional para 2015”, publicado em julho, que um jornalista norte-americano chamou de “guia de 24 páginas sobre a forma de governar o mundo usando a força militar”.