A Europa está presa na maior crise migratória desde a Segunda Guerra mundial e, até agora, os países do bloco não conseguiram estabelecer uma estratégia conjunta pra lidar com ela. A instituição de cotas de migrantes, proposta por Berlim e encampada no final da semana por Paris, enfrenta forte resistência de países do leste, como República Tcheca, Eslováquia, Polônia e Hungria. Uma outra sugestão, a criação de centros de triagem fora da União Europeia para determinar quem pode e quem não pode entrar no bloco, é vista como desumana por parte da diplomacia.
© Fournis par RFI
Mas parece estar se formando um consenso em torno do fato de que a situação na Síria - de onde provém a maior parte dos migrantes - não pode continuar como está. Na capa de sua edição datada de domingo, o vespertino Le Monde anuncia que o presidente francês François Hollande cogita atacar o grupo Estado Islâmico na Síria.
Atualmente, a França restringe sua operação militar ao Iraque, mas a cúpula da Defesa parece cada vez mais convencida de que a ação é inócua se não tiver como alvo o centro das operações jihadistas. Um general ouvido pelo jornal afirma que é a na Síria que o autoproclamado califado "treina seus combatentes, pilota sua propaganda e organiza suas finanças".
Em sua própria estratégia de propaganda, o ministério francês da Defesa publicou uma pesquisa que mostra que 74% dos franceses apóiam a operação aérea Chammal no Iraque. O problema, que segurou até agora a expansão da ação francesa, é o fato de que parte da diplomacia acredita que, ao enfrentar os jihadistas, Paris ajudaria indiretamente o regime de Bashar al-Assad, afastando a perspectiva de tirá-lo do poder.
Essa perspectiva parece ainda mais distante com o anúncio de que Moscou, uma das últimas aliadas do presidente sírio, pode se engajar na luta contra o grupo Estado Islâmico. Além disso, uma fonte do alto comando francês acredita que seria quase impossível bombardear os jihadistas com eficiência sem danos colaterais. Ou seja, uma operação aérea nas áreas urbanas da Síria teria um custo imenso em vidas civis. Mesmo assim, o jornal avalia que o consenso parece já estar formado no governo francês.
Raízes do mal
Mas parece estar se formando um consenso em torno do fato de que a situação na Síria - de onde provém a maior parte dos migrantes - não pode continuar como está. Na capa de sua edição datada de domingo, o vespertino Le Monde anuncia que o presidente francês François Hollande cogita atacar o grupo Estado Islâmico na Síria.
Atualmente, a França restringe sua operação militar ao Iraque, mas a cúpula da Defesa parece cada vez mais convencida de que a ação é inócua se não tiver como alvo o centro das operações jihadistas. Um general ouvido pelo jornal afirma que é a na Síria que o autoproclamado califado "treina seus combatentes, pilota sua propaganda e organiza suas finanças".
Em sua própria estratégia de propaganda, o ministério francês da Defesa publicou uma pesquisa que mostra que 74% dos franceses apóiam a operação aérea Chammal no Iraque. O problema, que segurou até agora a expansão da ação francesa, é o fato de que parte da diplomacia acredita que, ao enfrentar os jihadistas, Paris ajudaria indiretamente o regime de Bashar al-Assad, afastando a perspectiva de tirá-lo do poder.
Essa perspectiva parece ainda mais distante com o anúncio de que Moscou, uma das últimas aliadas do presidente sírio, pode se engajar na luta contra o grupo Estado Islâmico. Além disso, uma fonte do alto comando francês acredita que seria quase impossível bombardear os jihadistas com eficiência sem danos colaterais. Ou seja, uma operação aérea nas áreas urbanas da Síria teria um custo imenso em vidas civis. Mesmo assim, o jornal avalia que o consenso parece já estar formado no governo francês.
Raízes do mal
Em seu editorial intitulado "Nas raízes do mal", Le Figaro afirma que a única resposta eficaz para o afluxo de migrantes originários do Norte da África e do Oriente Médio é enfrentar o problema em sua origem. E a origem, de acordo com o jornal, está "em um mundo árabe em ruínas que, da Síria, ao Iraque e à Líbia, despeja seus exilados e migrantes de passagem sobre a costa europeia".
Le Figaro lembra a responsabilidade de Paris no caos que se estabeleu na Líbia depois da queda de Muamar Kadaffi. Afinal, foi a intervenção francesa que derrubou o ditador. Como ficou claro depois, o país não tinha instituições ou quadros sólidos que garantissem uma transição democrática. Mas o diário acredita que é preciso mais intervenção, não para resolver a crise política líbia, mas para conter o grupo Estado Islâmico: "Não se ganha uma guerra sem tropas terrestres", observa o jornal, lembrando que os 6,5 mil bombardeios da coalizão árabe-ocidental mataram mais de 10 mil jihadistas, mas não fizeram o grupo retroceder um único passo.
Para Le Figaro, enquanto a Europa não decide o que fazer, "levas de migrantes marcham em direção ao continente". E os estrategistas sabem bem que os dois males - que é como o jornal conservador denomina as guerras e migração - estão conectados, assim como as suas soluções.
Le Figaro lembra a responsabilidade de Paris no caos que se estabeleu na Líbia depois da queda de Muamar Kadaffi. Afinal, foi a intervenção francesa que derrubou o ditador. Como ficou claro depois, o país não tinha instituições ou quadros sólidos que garantissem uma transição democrática. Mas o diário acredita que é preciso mais intervenção, não para resolver a crise política líbia, mas para conter o grupo Estado Islâmico: "Não se ganha uma guerra sem tropas terrestres", observa o jornal, lembrando que os 6,5 mil bombardeios da coalizão árabe-ocidental mataram mais de 10 mil jihadistas, mas não fizeram o grupo retroceder um único passo.
Para Le Figaro, enquanto a Europa não decide o que fazer, "levas de migrantes marcham em direção ao continente". E os estrategistas sabem bem que os dois males - que é como o jornal conservador denomina as guerras e migração - estão conectados, assim como as suas soluções.