A África do Sul acusou, frontalmente, os EUA por causar a guerra na Ucrânia, no intuito claro de confrontar Otan e Moscou para desestabilizar, econômica e politicamente, o leste europeu. O Congresso Nacional Africano (CNA), partido dirigente da África do Sul, rejeita, assim, “a amizade com o Ocidente, podendo provocar problemas para si” ameaça a edição britânica da revista ultraconservadora The Economist.
Militante do CNA caminha com a bandeira da legenda pelas ruas da Cidade do Cabo |
O CNA preparou o relatório intitulado A Better Africa in a Better and Just World (A África Melhor em um Mundo Melhor e Justo, em tradução livre) para uma conferência política, apelando ao país para se voltar dos EUA à Rússia e à China. Os políticos sul-africanos consideram que o conflito ucraniano é uma parte da estratégia de Washington contra a Rússia.
“A guerra na Ucrânia não se realiza pela Ucrânia. O objetivo é a Rússia. Os vizinhos da Rússia são empurrados para tomar uma posição hostil para com a Rússia, tal como a China, e para aderir à UE e OTAN. São criados Estados pró-ocidentais para cercar a Rússia; os seus territórios são usados para instalar o material bélico da OTAN dirigido contra a Rússia”, diz o relatório.
A The Economist vai mais longe, afirma que o CNA desviou-se do patrimônio de Nelson Mandela e está sob o perigo de “tornar a África do Sul um palhaço nem somente na África”.
Mencionando que os EUA e a UE são parceiros comerciais mais importantes do país, a edição mostra, mais uma vez, que o Ocidente intimida os seus aliados, ameaçando parar o apoio de bilhões de dólares. “Embora o Ocidente afirme que o apoio está dado no âmbito da linha para a igualdade universal, parece que os países mais fracos são abandonados caso realizem o seu direito de expressar a sua própria opinião”, comenta a agência russa de notícias Sputnik.
A revista britânica também classifica a política externa da África do Sul incompetente e imoral:
“Se agora o Congresso Nacional Africano rejeita os amigos liberais da República da África do Sul e liga o seu destino aos ‘regimes perigosos’ (os países do BRICS), presta um mau serviço aos africanos”, diz o artigo.
Desde fevereiro de 2014, Kiev e Ocidente acusam a Rússia de apoiar os independentistas ucranianos e de interferir nos assuntos internos da Ucrânia. Kremlin, no entanto, garante não ter qualquer envolvimento na crise interna ucraniana e diz estar totalmente interessada numa resolução pacífica do conflito no país vizinho.