A Rússia não pretende criar uma nova coalizão militar, apela, sim, a tornar a coalizão existente mais eficiente.
Sputnik
As propostas de Moscou relativas ao combate ao grupo terrorista Estado Islâmico, que atua nos territórios da Síria e do Iraque, não preveem aumentar o fluxo militar na região, disse nesta terça-feira o chanceler russo Sergei Lavrov, durante um encontro com o seu colega saudita, Adel al-Jubeir:
“Se trata apenas de dar um jeito, sem formar exércitos de países da região, sem transportá-los para o teatro de operações militares, de coordenar aqueles que já estão combatendo os terroristas para que eles vejam a sua tarefa principal – combater a ameaça terrorista. E o acerto de contas entre si, entre os próprios sírios, entre os próprios iraquianos deverá ser adiado para depois, para quando já não exista esta ameaça”.
Adel al-Jubeir e Sergei Lavrov © Sputnik/ Kirill Kallinikov |
O chanceler russo lembrou que o Estado Islâmico, organização terrorista proibida na Rússia e em uma série de outros países, já é combatida pelos exércitos da Síria e do Iraque, pelos militantes de etnia curda, que habitam certas regiões desses países, e pela oposição armada síria. Esta última, além disso, “tem apoio externo”, disse Lavrov, referindo-se ao suporte militar que os EUA e a coalizão ocidental presta aos rebeldes sírios.
No entanto, os rebeldes não têm o Estado Islâmico como seu primeiro alvo. Primeiramente, em 2011, rebelaram-se contra o governo de Bashar Assad, gerando uma guerra civil que quadrou no roteiro da “Primavera Árabe”, em voga naquela altura.
Na entrevista coletiva concedida depois da reunião com al-Jubeir, o chanceler russo frisou que o combate ao terrorismo deve ser a prioridade da coalizão. A suposta ditadura de Assad não é o problema principal que o país e a região enfrentam. Mais do que isso, a queda violenta do seu governo ajudaria os terroristas a chegar ao poder, adverte Lavrov:
“Eu não gostaria que algum país influente que esteja envolvido, de uma maneira ou de outra, na crise síria, acredite que o problema de Bashar Assad pode ser resolvido por via militar, porque o único meio de tal solução militar seria a tomada do poder pelo Estado Islâmico e outros terroristas. Eu não acho que alguém queira ver tal desenlace”.
O regime de Assad não ameaça nenhum país. O regime do Islã radical defendido pelo Estado Islâmico é, sim, uma ameaça forte ao mundo inteiro.
Além da tendência de acertar contas entre diferentes grupos sociais e políticos locais, existe uma tendência semelhante em organismos internacionais que deveriam promover a paz e a compreensão mútua. A Federação da Rússia está preocupada com as tentativas de aumentar as tensões no Conselho de Segurança da ONU, fazendo dele uma arma de propaganda, em vez de um instrumento de diplomacia.