O ex-primeiro-secretário da Embaixada da Austrália em Moscou, Gregory Clark, assinou um artigo no diário Japan Times intitulado “A Rússia quer ser compreendida”. No texto, ele argumenta que a postura de Moscou da Crimeia ser uma parte essencial da Federação Russa merece ser levada em consideração, mas o Ocidente prefere não atender.
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O ex-diplomata australiano lembrou que durante os tempos soviéticos o leste da Ucrânia se assemelhava “um pouco à Rússia”. Ele especificamente ressaltou o fato de que mais de um milhão de refugiados dos combates no leste da Ucrânia decidirem ir para a Rússia, em vez de se mudar em outro lugar do território ucraniano.
Crimeia © Sputnik/ Taras Litvinenko |
“A Crimeia era totalmente russa nos tempos soviéticos. Ainda é muito russa, embora também aconteçam esforços genuínos para reviver a língua turca dos povos tártaros da Crimeia”, disse Clark.
Clark observou que as autoridades de Kiev não conseguiram alcançar sucesso na popularização da língua ucraniana na Crimeia. Além disso, acrescentou o ex-diplomata, Moscou tem uma série de argumentos judiciais para chamar a península como uma parte essencial da Rússia. Em particular, apontou a decisão do então líder soviético Nikita Khrushchev de entregar a região para a Ucrânia em 1954. “Foi tecnicamente ilegal, porque nunca chegou a ser ratificada pelo Soviete Supremo.”
Além disso, Clark jogou água fria sobre as acusações dos EUA que insistem que a decisão de Moscou de separar a Crimeia da soberania da Ucrânia é uma clara violação do direito internacional e merece sanções.
“Mas, nesse caso o Ocidente seria muito culpado sobre o Kosovo, onde foram utilizadas bombas para negar a soberania sérvia. Na Crimeia, eles dizem que baseou-se essencialmente em um referendo”, concluiu Clark.
A península da Criméia se separou da Ucrânia para se juntar a Rússia em março de 2014 após um referendo em que mais de 96% da população votaram a favor da secessão. O governo central ucraniano e seus aliados ocidentais chamaram a votação uma “anexação”, enquanto a Rússia assinalou que as ações da população local estavam dentro do quadro do direito internacional.